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Consulado Brasileiro em Frankfurt indica obra de Sarney para tradução

Editor alemão diz que órgão garantiu compra generosa de exemplares de ‘Saraminda’, que será lançado com bolsa da FBN.

O Globo

FRANKFURT, Alemanha — O primeiro evento oficial do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, ontem pela manhã, foi a apresentação do programa de traduções e ações de promoção comercial da literatura brasileira, projeto capitaneado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e que envolve outros órgãos como a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e até a Apex (a agência brasileira de fomento às exportações). O Brasil quer intensificar a divulgação dos autores nacionais no exterior — o país será o homenageado de Frankfurt em 2013 — e para isso disponibilizou bolsas de até US$ 8 mil por tradução. Entre os autores beneficiados pelo programa está o ex-presidente José Sarney, cujo romance “Saraminda” (de 2000) será lançado em alemão no próximo ano pela editora Königshausen & Neumann.

A presença de Sarney na lista, que inclui autores como Luiz Rufatto, Moacyr Scliar e Bernardo Carvalho, entre outros, não chamaria tanta atenção — o senador, membro da Academia Brasileira de Letras, já tem obras publicadas em francês e inglês — caso o editor alemão tivesse tomado a iniciativa de traduzir o livro por interesse próprio, e não por sugestão do consulado do Brasil em Frankfurt. Segundo o editor Thomas Neumann, o consulado enviou a ele algumas páginas já traduzidas de “Saraminda” e garantiu a compra de exemplares (entre cem e mil) para “abastecimento próprio”.

— Acho que “Saraminda” nem combina muito bem com o nosso programa editorial — afirmou Neumann ao GLOBO, dizendo ter aceitado publicar a obra principalmente para fazer um bom negócio. — Mas o consulado fez a oferta de comprar muitos volumes.

Outros brasileiros no catálogo

Neumann afirma que quem ofereceu a ele a obra de Sarney foi a pesquisadora de literatura e artes plásticas Rita Rios, chefe do setor cultural do consulado em Frankfurt. Rita também ofereceu ao editor seu próprio livro, “Poemas e pedras — A relação entre poesia e escultura partindo de Rodin e Rilke” (Edusp, 2011), resultado de seu pós-doutorado na Unicamp, que está na lista de obras contempladas com a bolsa de tradução da BN. Neumann diz, entretanto, que ainda não sabe se publicará esse livro. A editora, de pequeno porte, fundada há 33 anos, lançará em duas semanas “História do Brasil”, de Boris Fausto, pelo programa de traduções. Procurada pelo GLOBO, Rita Rios não foi localizada.

Fábio Lima, coordenador do programa de traduções da Biblioteca Nacional, que fez a apresentação do projeto, disse que a ideia de lançar Sarney em alemão partiu da própria editora, que se candidatou à bolsa. Pelo edital da FBN, para ganhar o dinheiro da tradução os editores devem indicar os livros, apresentar plano de distribuição, currículo e contrato com o tradutor e com o autor. As avaliações são feitas por representantes da BN, do Ministério da Cultura e de consultores externos.

— O critério de escolha é igual para todos — garantiu Lima ao GLOBO. — A editora se candidata a publicar o livro no seu idioma e nós aprovamos, desde que o livro já tenha sido publicado no Brasil. Mas procuramos apoiar autores que tenham ressonância nacional.

Com 46 editoras, o estande do Brasil em Frankfurt ocupa este ano um espaço bem maior, com 330 metros quadrados (em 2011, eram apenas 216). No próximo ano, deverão ser 2.500 metros quadrados. Segundo Dolores Manzano, da Câmara Brasileira do Livro, “os editores brasileiros estão aprendendo que não é só colocar livro na estante que garante uma bem-sucedida participação na maior exposição do livro do mundo”.

Para profissionalizar mais o mercado, a CBL formou um grupo de editores brasileiros — do qual fazem parte 33 dos atuais 46 participantes do megaevento, — que tem como objetivo ajudar os pequenos editores a encontrarem o seu espaço no mercado internacional. Três das casas editoriais que participam da feira são praticamente “estagiárias”: a Carpedian, de Recife; a Conhecimento, de Fortaleza; e a Casarão do Livro, de Salvador, que estão chegando ao mercado global pela CBL.

— Os editores brasileiros compram muitos direitos, mas ainda vendem poucos — disse Dolores.

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