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Polícia do Maranhão investiga morte de líder indígena de tribo ameaçada por madeireiros

RIO DE JANEIRO (Thomson Reuters Foundation) – Um líder indígena foi encontrado morto no Maranhão, expondo a crescente ameaça a tribos que combatem o desmatamento ilegal na Amazônia, disseram ativistas e autoridades.

O corpo de Jorginho Guajajara foi encontrado com o pescoço quebrado próximo a um rio, informou o grupo de direitos humanos Survival International. A polícia do Maranhão confirmou nesta quinta-feira estar investigando o caso.

Jorginho era uma das lideranças do povo indígena Guajajara, conhecidos como Guardiões da Amazônia e que tem enfrentando repetidas ameaças de um poderoso grupo madeireiro que opera na região do seu território.

“Esse é só mais um de muitos assassinatos que vêm acontecendo no Maranhão… por causa do trabalho dos indígenas para proteger o território contra os madeireiros”, disse Sônia Guajajara, líder indígena e candidata a vice-presidente pelo PSOL.

“Nosso povo não está aguentando mais essa omissão do poder público e acaba pagando com a própria vida”, acrescentou em entrevista por telefone à Thomson Reuters Foundation.

O Brasil tem sido palco de diversas mortes por conflitos de terra, expondo o embate entre a preservação da cultura indígena e o desenvolvimento econômico.

Desde 2000, cerca de 80 membros da tribo Guajajara foram assassinados, de acordo com estimativas de grupos de direitos humanos.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse em comunicado estar ciente do assassinato e afirmou estar cooperando com a polícia.

A Terra Indígena Araribóia, onde os Guajajaras vivem, também abriga os índios Awá, já descritos pelo Survival International como a tribo mais ameaçada do mundo, porque não têm para onde ir caso sua floresta seja desmatada.

O governo brasileiro tem enfrentado dificuldades para proteger o vasto território da Amazônia devido a cortes de gastos e a uma crescente pressão política para liberar reservas indígenas para mineração, disse o grupo.

Nesse cenário, os Guardiões da Amazônia têm protegido a reserva indígena com suas próprias mãos.

Em maio, o governo enviou agentes do Ibama depois que a tribo capturou um grupo madeireiro e ateou fogo em seu caminhão.

“O que realmente é necessário é prover uma segurança adequada na região de maneira contínua”, disse Fiona Watson, diretora de pesquisa do Survival International. “O Ibama ir de tempos em tempos, não é a solução”.

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