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Motociclista e da ‘velha guarda’: conheça Luiz Antonio Bonat, provável substituto de Moro

Pessoalmente, o provável substituto de Sergio Moro no comando dos processos da Lava-Jato aparenta ser muito diferente de seu predecessor.  Ex-servidor e da “velha guarda” daJustiça Federal do Paraná, colegas e advogados lembram deLuiz Antonio Bonat , 64 anos,como um juiz discreto e dedicado, conhecido por fundamentar bem suas decisões. Por outro lado, apesar da discrição, Bonat também é lembrado por um aspecto curioso:

– Ele tem uma enorme motocicleta. Tem uma Harley-Davidson bem grande – conta um amigo ouvido pelo GLOBO.

Nos processos, no entanto, segundo colegas e advogados ouvidos pelo GLOBO desde a publicação de seu nome como primeiro na lista para o comando da Lava-Jato, o juiz federal Luiz Antonio Bonat também é lembrado como rigoroso e particularmente preocupado com o interesse público.

Quem conhece o juiz evita fazer comparações diretas com o atual ministro da Justiça, mas classificam Bonat como um homem simples e discreto, que não tem interesse em se tornar uma celebridade. Poucos sabem os motivos de sua inscrição, mas afirmam que o magistrado não é do tipo de voltar atrás e acreditam que a mudança de uma vara previdenciária – “monótona”, classificou um amigo – pode ser o coroamento de uma carreira que começou entre os funcionários da Justiça Federal do Paraná.

Antes de ser aprovado no concurso para juiz federal, Bonat trabalhou como auxiliar e técnico judiciário desde 1978 na 1ª Vara Federal de Curitiba. Depois, como diretor de secretaria, até 1993. Nesse ano, foi aprovado no processo seletivo e foi designado para a Vara de Foz de Iguaçu, no Paraná.

Atualmente está na 21ª Vara de Curitiba, especializada na área previdenciária, mas já passou por Criciúma, onde atual em matérias criminais. Em uma delas, condenou criminalmente, pela primeira vez no Brasil, uma pessoa jurídica.

– Ele é de um estilo mais antigo, da velha guarda do tribunal. É uma das pessoas mais respeitadas na Justiça Federal. Sempre foi equilibrado, avalia as provas. É uma pessoa simples, querida pelos funcionários. Não é de querer aparecer, ser celebridade, nada disso. Vai ser discreto e vai julgar conforme as provas. Se tiver que absolver, ele absolve — afirmou um colega.

Nos últimos anos, a maioria de suas decisões passou longe de temas como corrupção, lavagem de dinheiro e delação premiada. No entanto, há 14 anos,  Bonat escreveu um artigo que permite indicar alguns dos caminhos que o magistrado deve seguir caso seja confirmado no novo cargo. Caso a juíza substituta Gabriela Hardt não dê as sentenças nos casos do ex-presidente Lula que correm em Curitiba, a decisão deverá ficar para Bonat.

Intitulado “Crimes relacionados com o comércio exterior”, Bonat descreve a forma como interpreta algum dos pontos da legislação da área. Em geral, o juiz costuma seguir algumas das teses polêmicas adotadas por Moro na Lava-Jato, além de ter postura dura contra criminosos de colarinho branco. Segundo ele, esse tipo de criminoso geralmente são pessoas de elevado nível cultural, integradas nos mais respeitáveis círculos sociais.

“Por trás dessa máscara de ilibada reputação, própria do mais sério dos cidadãos, esconde-se um criminoso com imenso potencial danoso à sociedade”, escreve Bonat, que afirma ainda que esse tipo de crime contribui diretamente para o sofrimento da população mais pobre: “Ante a sonegação de recursos que seriam revertidos em alimento, saúde, habitação, saneamento, em prol da coletividade, em especial aquela carente”.

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