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Manchetômetro do Maranhão é a síntese e de como funciona a mídia no Brasil

Como se sabe, a mídia maranhense é controlada por um grupo político desde antes do homem pisar na lua. Porque depois que o patriarca José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, vulgo Sarney, derrotou o Vitorinismo em 1966, aqueles 332 mil km2 denominado Maranhão se tornaram um feudo da família. Cujo controle foi sendo ampliado na mesma proporção em que eles aumentavam sua participação na mídia local e sua parceria com as Organizações Globo em nível nacional.

O reinado de Sarney começou a ser colocado em xeque quando o pedetista Jackson Lago derrotou Roseana Sarney, em 2006. Mas aquela vitória acabou sendo contestada na justiça e Lago foi cassado para que a filha do seu Ribamar voltasse ao cargo.

A derrota de fato do clã só se deu de fato nas últimas eleições, quando o comunista Flávio Dino conquistou o governo de forma acachapante com 63,5% dos votos.

Dino tem feito um governo popular e transformador no estado, em que se destacam ações na área de educação e saúde, como por exemplo, o programa Escola Digna, que tem levado unidades com laboratório de física, química e informática para povoados antes absolutamente abandonados e esquecidos porque têm população pequena. Ou seja, porque são lugares com poucos votos.

Mas para a mídia local, Dino é uma das sete pragas do Egito e acabar com tudo o que o Maranhão conquistou nos quase 50 anos de domínio dos Sarney no Estado. Entre elas, ser um dos estados com piores IDHs do Brasil.

No encontro promovido pelo Barão de Itararé de quinta a sábado, do qual participei como palestrante, Flávio Dino apresentou um estudo estatístico das manchetes do principal jornal da família Sarney, O Estado do Maranhão, antes do seu governo e durante a sua gestão.

A pesquisa examinou três anos e meio de cobertura do jornal, destacando dois momentos políticos distintos: o período Roseana Sarney (PMDB) e o de Flávio Dino (PCdoB).

Foram atribuídos valores positivos e negativos em relação à presença do governo na capa do jornal. Ou seja, se a capa era favorável ao governo, a mensuração era positiva. Se era desfavorável ao governo, era negativa. Se não se tratava de assuntos de política, considerava-se neutra.

A análise de todas as capas feitas em 2014, durante o último ano do governo Roseana Sarney, mostra que 66% da cobertura foi favorável à filha de José Sarney. Sendo apenas 5% de menções negativas, mesmo se tratando de um ano eleitoral, em que a disputa política expõe as fragilidades do governo. As demais 29% menções foram neutras – ou seja, nem contra e nem a favor.

Para que se tenha uma ideia do quanto isso é absurdo, 2014 foi o ano das decapitações no presídio de Pedrinhas, o que naturalmente deveria elevar as notícias negativas sobre o governo.

Já em 2015, a partir do governo Flávio Dino, a situação se inverte. De todas as capas daquele ano, 53% foram negativas ao governo. Apenas 8% foram positivas. E 39%, neutras. As menções positivas se concentraram nas notícias sobre a Lei Seca.

Em 2016, ainda na gestão Flávio Dino, o índice negativo diminui e chega a 38%. Mas o índice positivo também caiu, indo para 5%. O que cresceu bastante foi o índice de neutro: 57%. O foco daquele ano não era o governo Dino, mas as disputas pelas prefeitura locais e a cobertura do impeachment de Dilma.

Em 2017, as atenções voltam a se concentrar no governo Flávio Dino, o que resulta, nos seis primeiros meses do ano, no maior índice negativo de todo o período analisado: 62%. O positivo cai ainda mais, chegando a 3%. E o neutro fica em 35%.

Evidente que a despeito de chocante, o que o atual governador do Maranhão enfrenta não é algo isolado. O Maranhão, pelo que representa a família Sarney no estado, deve ser um dos piores lugares desta ação dos meios de comunicação, mas não é uma ilha no cenário nacional. Em quase todos os cantos do Brasil, os governos populares são vítimas deste tipo de ação criminosa do ponto de vista democrático.

No mesmo evento em que Flávio Dino apresentou este estudo, estava o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Se uma análise semelhante a este fosse feita comparando a cobertura, por exemplo, das rádios Jovem Pan e Bandeirantes ou dos jornais como a Folha e o Estado de S. Paulo nos períodos de sua gestão e de João Doria, os números não seriam tão diferentes.

O Brasil tem muitos problemas, mas a forma anti-democrática como se comportam os grupos de comunicação é um dos mais graves. Esse estudo feito no Maranhão não deixa dúvida alguma a respeito disso. (Brasil 247)

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