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Veterinários reivindicam participação no combate a zoonoses no estado

O veterinário Renan Nascimento Moraes, presidente da Associação de Clínicos Veterinários de Pequeno Animal, Anclivepa, reivindica a participação da entidade de classe no combate às zoonoses no município de São Luís, e em âmbito estadual, assim como no atendimento ao animal em situação de abandono. Excluído da mesa de negociação que tratou de ações na reativação da Unidade de Vigilância em Zoonoses da capital, na sexta-feira, 25, após a chacina que vitimou mais de 40 gatos nos últimos dias, o doutor Renan propõe ao setor público uma parceria com as clínicas veterinárias para conter o avanço da doença.

“O calazar é diretamente proporcional à pobreza. Quando mais pobre está a população, mas risco corre de ser contaminado pelo mosquito. O controle deve acontecer concomitante a uma campanha educacional. A Unidade de Vigilância em Zoonose deve desempenhar papel preponderante na educação ambiental. Além de ter os serviços descentralizados. O município de São Luís recebe recursos que podem fazer frente a esta estratégia de saúde pública”, aponta o veterinário.

Devastação

De acordo com o veterinário, na região metropolitana, o município de Raposo lidera o número de casos de calazar. Em São Luís, o Maracanã concentra o maior número de casos, mas, segundo ele, em toda ilha estão sendo registrados casos de calazar. “Isso acontece devido o avanço do setor imobiliário, que não tem cumprido a legislação ambiental, e a duplicação da Vale, que está devastando setores prioritários do meio ambiente, quebrando o ecossistema do cinturão verde da ilha”, afirma.

Entre os focos de concentração de zoonoses, Renan Nascimento Moraes cita a Lagoa da Jansen e a área da Via Expressa como focos preferenciais das ações de combate. Ele relata que em 2014 recebeu um animal oriundo da região da Via Expressa que apresentava sinais de raiva e que depois veio a se confirmar. “Os próprios donos se negaram a acreditar. Pensavam ser erradicada. Mas os exames comprovara”, conta.

O tratamento do calazar já acontece em algumas capitais do país, como Belo Horizonte (MG) e em Teresina (PI), por exemplo. Neste locais, o tratamento é promovido por empresas particulares da medicina veterinária.

Importados

No entendimento do médico veterinário, o Ministério da Saúde não tem interesse em promover o tratamento de cães portadores da calazar diante do elevado custo dos medicamentos importados. “Por uma questão de controle da população animal, o ministério da Saúde tem interesse em promover o extermínio, principalmente dos bichos de rua”, diz.

Para o presidente da Anclivepa, a campanha casa a casa realizada pela prefeitura de São Luís não tem eficiência. Renan defende ações em áreas perifocais de doenças animais. “É preciso levar às comunidades informações sobre zoonoses, como a lepstopirose, que ameaça a população de São Luís sempre que acontece o período do inverno”, alerta.

O veterinário denuncia que a falta de estratégia de combate tem causado prejuízo ao sistema de saúde. “Estão ocupando leitos no Materno Infantil, por exemplo, para tratar pacientes com calazar. A ocupação demora no mínimo um mês. Isso é antieconômico diante de um estado de crise”, destaca.

Salários

Renan Nascimento Moraes reclama da precária estrutura da Unidade de Vigilância de Zoonose da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, situada na MA-201, no bairro da Maiobinha “Os salários são aviltantes e a falta de equipamentos é flagrante. Não há veículos de coleta, falta profissionais por conta dos baixíssimos salários e está relegada ao último plano nas prioridades da saúde”, reclama.

Segundo Renan, entidades protetoras dos animais tem contado com a contribuição voluntária dos médicos veterinários. “Eles precisam reivindicar que o serviço público ofereça assistência gratuita. Não pode ser como o Hospital Veterinário da Uema, entidade pública, que cobra do público contribuinte. Eles estão promovendo a quebra das clínicas no entorno da sede da universidade, numa concorrência desleal. Os governos deveriam formar uma rede de proteção da saúde em parceria com as clínicas. Se nos convocarem nós estaremos pronto para colaborar”, sublinha.

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