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Tempo demais sozinha

São Luís nunca foi uma cidade com o peso eleitoral de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou Recife. Seu eleitorado jamais pode e dificilmente poderá, algum dia, ser decisivo para uma eleição presidencial. Deve ser por isso que ficou tempo demais sozinha; sem apoio do governo federal para resolver as toneladas de problemas que sempre a afligiram.

Sozinha, porque, na maioria das vezes governada pela oposição, quase nunca pode contar com qualquer tipo de apoio também do governo estadual. Isso é histórico e vem desde os tempos em que Cafeteira e Sarney fingiam não gostar um do outro. Convênios federais bilionários irrigaram obras monumentais nas metrópoles supracitadas. Como metrôs e metrôs de superfície, linhas vermelhas, verdes, amarelas, anéis viários, esgoto e asfalto de qualidade. Sempre.

São Luís, nunca. A modernidade da capital maranhense resumiu-se aos edifícios de vidro aqui encravados pela especulação imobiliária, sem redes de esgoto que mais problemas lhe trouxeram que soluções. E seu crescimento foi muito mais o efeito de uma bomba demográfica acionada pelo êxodo rural que elevou sua população a mais de um milhão de habitantes. Temos hoje muito mais bolsões de pobreza que há 30 anos na capital São Luís.

Na maioria das vezes, São Luís foi, isto sim, atrapalhada pela briga de foice no escuro entre administradores estaduais e municipais. É histórico que gente no governo do Estado, no Senado ou na Câmara até retardou ou impediu a vinda de recursos federais para a cidade. São Luís é, portanto, uma das poucas cidades do país que nesses 400 anos praticamente se autoadministrou; uma cidade a maior parte do tempo sustada pelo poder político estadual para evitar que administradores municipais se elegessem ou reelegessem.

A terra dos poetas passou a maior parte do tempo assim: cercada de muitos versos e poucos recursos. E, hoje, sem recursos e sem versos, pede apenas que no Maranhão ocorra uma real alternância de poder. (JM Cunha Santos)

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