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Temer descarta Dino e escolhe Raquel Dodge, indicada de Sarney para o comando da PGR

O presidente Michel Temer (PMDB) escolheu para o cargo de procurador-geral da República Raquel Dodge, segunda colocada da lista tríplice da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da república (ANPR). O presidente rompe a tradição estabelecida em 2003, quando desde então é escolhido o candidato mais votado da lista tríplice. O primeiro lugar havia ficado com Nicolao Dino. Ele é irmão de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão e adversário político de Sarney.

A escolhida de Temer mantém boas relações com o ex-senador José Sarney. O político maranhense pediu pessoalmente que Michel Temer escolhesse Raquel Dodge para o comando da PGR e descartasse o mais votado, Nicolao Dino, irmão do governador Flávio Dino e inimigo do clã Sarney no Maranhão. A queridinha de Sarney é vista como uma possibilidade de diminuir o ímpeto da Operação Lava Jato e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em maio de 2016, quando assumiu a Presidência da República, Temer disse que manteria a tradição de escolher o nome mais votado na lista tríplice.

Raquel Dodge não é alinhada ao atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer. Na segunda-feira, 26, Janot denunciou criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. Temer partiu para o enfrentamento e, em manifestação pública, desafiou o procurador a apresentar provas contra ele.

O mandato de Janot vai até setembro. O nome de Raquel será submetido a uma sabatina no Senado. Se for aprovada, ela assume mandato por dois anos.

Os procuradores, em todo País, haviam eleito na terça-feira, 27, os subprocuradores-gerais da República Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia, pela ordem, para a lista tríplice. Nicolao teve 621 votos, Raquel, 587 e Mário, 564.

Ao indicar Raquel Dodge, o presidente quebrou uma tradição que vinha sendo mantida desde o primeiro governo Lula e por sua sucessora Dilma – ambos prestigiaram o primeiro colocado da lista tríplice.

A Constituição confere ao presidente a prerrogativa de escolher o chefe do Ministério Público Federal. O presidente não é obrigado a seguir nenhuma indicação da lista.

QUEM É RAQUEL DODGE

RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE é Subprocuradora-Geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça em matéria criminal. Integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6ª Câmara, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta. Atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma. Atuou na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Ingressou no MPF em 1987. (Estadão)

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