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Sarney e o Brejal dos Guajas

Por Millôr Fernandes (escritor e jornalista que morreu na noite dessa terça-feira (27) no Rio de Janeiro)

Sobre Brejal dos Guajas, a Bíblia dos Alobrógicos

Em 1988, o cidadão José Ribamar Sarney, conhecido como José Sarney na vida pública, acreditando ser, e acreditado como, escritor, publicou mais uma das suas, um livro (?) intitulado BREJAL DOS GUAJAS (não dos Guajás, como pensam muitos, outra tribo, essa não ofendida pela literatura do atual Senador). Instado por amigos, escrevi várias notas, não pretendo elevá -las a crítica porque nem eu sou crítico nem o Senador pelo Amapá (!!!) escritor.

As notas acabaram chegando a 14 (catorze) e, como sói, não abalaram a reputação do retratado, mesmo porque até hoje as pessoas me cumprimentam como se eu tivesse escrito sobre Marimbondos de Fogo (um livro no qual Sarney atingiu apenas a mediocridade.

Só em Brejal atingiria a oligofrenia literária, o bestialógico em estado puro. Nas “críticas”, quase sempre me refiro ao ex-presidente (que, aliás, atingiu a presidência por pura levitação) como Sir Ney porque, reza a lenda, o pai o teria batizado em honra a um inglês fazendário chamado Ney, que morava em Pinheiros, terra natal do nosso Basbaque, perdão, Balzac.

Sarney e eu continuamos a nos falar nas vezes em que nos encontramos. Sarney, homem extremamente educado, me tratando com o respeito que me deve, eu, mais bem educado do que ele, o tratando com a ironia devida.

Por que republicar, eternizando (a Internet pretende guardar para sempre), estes textos aqui no SAITE? Por motivo importantíssimo. Depois de tudo que já fez ao país, Sarney ameaça agora abandonar a política para se dedicar inteiramente à literatura. Por muito menos do que isso, noutro dia, meio milhão de pessoas se reuniram em todo o Brasil dizendo BASTA!

*Texto publicado originalmente no dia 10 de janeiro de 2001

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