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Sarney diz que é injusto debate ‘de alguns idiotas’ sobre fundação

Ailton de Freitas / O Globo – Idiotas, burros, invejosos, injustos e ingratos! Assim o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), respondeu aos críticos da decisão de sua filha, a governadora do Maranhão Roseana Sarney, de espetar na conta dos maranhenses os gastos para sustentar a fundação que leva seu nome, em São Luis (MA). Sem a coluna que mantinha no jornal “Folha de S.Paulo”, Sarney criou um blog para se defender e tentar melhorar sua imagem perante os brasileiros.

Em artigo publicado nesse blog, ele diz que a estatização e a doação de seu acervo pessoal e de ex-presidente da República foi uma das maiores obras de amor e benemerência aos maranhenses.

O senador faz a defesa da fundação criada para enaltecê-lo 37 dias depois da Assembleia Legislativa do Maranhão aprovar projeto de iniciativa da sua filha, a governadora Roseana Sarney, obrigando o Estado a custear as despesas da entidade. E 10 meses após o Tribunal de Contas da União (TCU) aceitar a denúncia contra a mesma fundação por supostos desvios de recursos público de patrocínio da Petrobrás.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que, de um total de R$ 1,3 milhão repassado pela estatal, pelo menos R$ 500 mil foram parar em contas de empresas prestadoras de serviço com endereços fictícios em São Luís (MA) e até em uma conta paralela que nada tem a ver com o projeto. Uma parcela do dinheiro, R$ 30 mil, foi para a TV Mirante e duas emissoras de rádio, a Mirante AM e Mirante FM, de propriedade da família.

Para ele, seu acervo pessoal é uma das maiores obras de benemerência aos maranhenses

É uma resposta raivosa , em que Sarney permeia citações a Sartre, Shakespeare, Santo Agostinho e passagens que teria vivido, por exemplo, com os presidentes Tancredo Neves e Jânio Quadros. Sobre Sartre, cita a frase do filósofo “quem mexe com política sempre põe a mão na merda”.

O presidente do Senado diz que numa conversa com Tancredo, perguntou ao mineiro sobre virtudes que deveriam ter os políticos. Sete vezes paciência, recebeu como resposta. Sarney, no seu texto, rechaça o que chama de ódio político e tenta mostrar paciência com seus críticos. Mas não é bem paciência que ele revela no artigo.

“Por que essa reflexão? É assistir o injusto debate de alguns idiotas sobre uma das maiores obras de amor e benemerência ao Maranhão que eu fiz: doar ao povo do Maranhão um patrimônio, como o que outros presidentes venderam, do meu valioso arquivo de mais de um milhão de documentos, três mil peças de museu de obras de arte e uma biblioteca de mais de 30.000 livros, muitos raríssimos, que acumulei ao longo de minha vida. E o fiz por grandeza, amor e desprendimento”, diz Sarney, ainda alfinetando os ex-presidente Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Ao contrário da Fundação Sarney, estatizada no Maranhão, a Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso e Instituto Cidadania, de Lula, conseguem sobreviver com o patrocínio e parceria com empresas privadas, sem recursos públicos.

Sarney não se conforma com a reação do PPS, que entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a estatização, e da OAB, que entrou com outra ação no Tribunal de Justiça do Maranhão contra a decisão da Assembleia de aprovar projeto enviado pela governadora Roseana Sarney.

“Vejo nessa reação, reunidos, todos aqueles defeitos que movem o ódio político: a inveja, a burrice e a ingratidão” reage Sarney.

Ele ainda faz uma análise sobre os bom e maus políticos, rechaçando o julgamento “generalizado” e deformado de alguns. Diz que o menor defeito dos políticos é a burrice. Completa dizendo que os piores são os defeitos do ódio, da inveja, da maldade, da indignidade, da mentira, da desonestidade e o maior de todos, aquele que Santo Agostinho dizia ser o mais abjeto: a traição.

“E foi um poeta, Valéry, não foi um santo nem um político, que disse ser a mais repugnante das atividades humanas a política, ‘porque lida com a ingratidão’. Shakespeare, na tragédia de Macbeth, tem uma passagem em que ele diz ‘que a ingratidão é uma fúria com o coração de pedra’. Já Sartre com sua irreverência reagia com revolta dizendo que ‘quem mexe com política está sempre com a mão na m…”diz Sarney, para justificar sua reação aos críticos da estatização de sua fundação.

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