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Roseana pode piorar ainda mais a segurança do MA com nomeação de mais um secretário ‘importado’

Segundo opinião de lideranças comunitárias, uma mudança mal feita no comando da segurança pode agravar ainda mais a situação, que já está insustentável

Do Jornal Itaqui-Bacanga

Nesta semana, uma informação veiculada no blog do jornalista John Cutrim (Jornal Pequeno) informava que o atual secretário de Segurança do Estado, o agente da Polícia Federal Aluísio Mendes poderá mesmo ser exonerado do cargo. Para o seu lugar, estaria sendo cogitado um coronel do Exército indicado pelo senador João Alberto. O nome em questão, até então mantido em sigilo, seria Cel. Medeiros, ele teria inclusive estado em São Luis durante a inédita paralisação realizada por policiais militares e bombeiros e que durou cerca de 10 dias.

Jair Xexéo e Aluisio Mendes, dois importados escolhidos por Roseana para comandar a segurança do Maranhão. O primeiro teve sua gestão conhecida como a ‘era do terror’, já Aluisio amarga os mais altos índices de criminalidade da história do Maranhão

A afirmação do blog reacendeu nas mais diversas camadas sociais o temor de que possa ser novamente repetida no Maranhão, à nomeação de outro importado – como são chamados os secretários de fora do estado – para um cargo de tão grande importância para o governo e muito mais para a população.

Segundo opinião de lideranças ouvidas pelo Jornal Itaqui-Bacanga, a governadora Roseana Sarney pode piorar ainda mais a situação da segurança em nosso estado, caso queira colocar no cargo um nome alheio à realidade vivida hoje aqui, e principalmente sem conhecimento real das necessidades da pasta de segurança. A afirmação é baseada no fato de que todas as vezes que o comando da secretaria de segurança esteve nas mãos de militares, o resultado quase sempre foi desastroso.

Uma mudança mal feita no comando da segurança pode agravar ainda mais a situação, que já está insustentável. Com a iminente exoneração do atual secretário de Segurança, Aluísio Mendes, para o seu lugar estaria sendo cogitado um coronel do Exército. O nome em questão seria o Cel. Medeiros. A apreensão da população diz respeito ao temor de que se repitam episódios como a nomeação do também coronel do Exército Jair Xexéo, importado por Roseana para comandar a segurança do Maranhão e que teve sua gestão marcada como a ‘era do terror’.

Segundo o presidente do Conselho de Defesa Social do Anjo da Guarda, Odejário Diniz, uma das lideranças ouvidas pelo semanário, a governadora Roseana Sarney em sua última campanha fez uma encenação onde percorria o Maranhão em cima de um trem, onde, segundo ele, “não existia espaço para os maranhenses, principalmente para o povo, que só serve mesmo para votar, e mais nada. Roseana despreza os maranhenses”, afirmou.

Sobre a possibilidade de um coronel do Exército vir a ser o novo secretário de Segurança, Diniz também comenta que os maranhenses nunca esqueceram nomes como o de Jair de Caldas Xexéu, também coronel do exército, trazido do Rio de Janeiro por Roseana para comandar a segurança do Maranhão. “Este homem teve uma atuação vergonhosa a ponto de deixar nosso estado com um dos maiores índices de criminalidade de todo país naquela época. O Maranhão está mesmo é de cabeça pra baixo, é o único estado onde soldado comanda coronel. Isso tem sido visto na Secretaria de Segurança Pública, que hoje está sob o comando do agente de polícia Aluisio Mendes, fato inédito no país, pois ele é o único agente de policia a comandar a segurança de um estado. Isso só acontece no Maranhão”, disparou Diniz.

Era do terror não deixou saudades

A gestão de Jair Xexéu foi marcada pela violência dos quadrilheiros, durante um período de 5 anos (1995 a 1999), uma espécie de “era do terror” no Maranhão. Uma época em que, além dos assassinatos de encomenda – ligados ou não ao crime organizado –, a população vivia permanentemente sobressaltada, devido aos constantes assaltos a bancos, carros-fortes, caminhões de carga, ônibus interestaduais etc.

A violência dos quadrilheiros campeou à vontade no Maranhão a partir de 1995, só arrefecendo depois de 1999, ano em que duas Comissões Permanentes de Investigação (do Narcotráfico, em Brasília, e do Crime Organizado, no Maranhão) e a ação de uns poucos policiais dedicados – tendo à frente o secretário de Segurança Raimundo Cutrim – desarticularam os principais bandos de criminosos que atuavam em território maranhense.

Pistolagem de volta

Em meio à onda de crimes que vem assombrando a população maranhense nos últimos meses, chama a atenção o fato de que muitos dos homicídios cometidos nos últimos meses tem sido um desafio para a polícia, pois apontam para o recrudescimento da pistolagem, que até então achava-se uma modalidade de crime extinta em nosso estado, mas que agora, face aos elevados índices de criminalidade, dá provas de que pode ter voltado a atuar principalmente na capital e em municípios como Imperatriz e Caxias. Em um dos casos mais recentes, quatro homicídios ocorridos entre os dias 23 e 25 do mês de janeiro, na zona rural de São Luís possuem características de crimes de desova.

Até mesmo o superintendente de Polícia Civil da capital, delegado Sebastião Uchoa afirmou a imprensa que, pelo modo como os crimes foram praticados, há possibilidade de terem sido os mesmos autores em ambos os casos, dando indícios da ação de um grupo de extermínio.

São Luís entre as cidades mais violentas do mundo

Além de ser apontada pelo Ministério da Justiça como a quinta capital com maior registro de homicídios no pais, segundo o mapa da violência 2011, divulgado pelo Instituto Sangari, São Luis agora também é vista como a 27ª cidade mais violenta do mundo.

Em dez anos, a cidade passou de vigésima quarta capital em número de assassinatos para a quinta colocação, com aumento de quase trezentos por cento nas ocorrências de homicídio.

Segundo o estudo feito pela Organização Não Governamental (ONG) mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, São Luis aparece como a 27ª cidade mais violenta do mundo, com uma taxa de 50.85 mortes violentas para cada 100 mil habitantes.

Assassinatos continuam em alta

Diante de tanta insegurança, a gestão de Aluísio Mendes tem sido marcada por diversos problemas, dentre os quais o índice recorde de assassinatos na capital. Isso fica evidenciado em levantamento feito junto ao livro de ocorrências do Instituto Médico Legal (IML), que aponta o registro de 603 assassinatos em toda a região metropolitana de São Luís, durante o ano de 2011 – números assustadores, quase dois homicídios por dia.

Comparado com o balanço feito em 2010, quando foram registradas 586 mortes, um número já considerado elevadíssimo, houve um aumento de 17 crimes em relação a 2011. Do total de vítimas, 34 foram mulheres, 568 homens e uma ossada que ainda não se sabe precisar o sexo.

O local com o maior número de assassinatos foi a Cidade Olímpica, com um total de 21 mortes. Logo depois, veio a área do Coroadinho, com 20 registros, seguida da Liberdade, com 16 e do São Raimundo e Vila Embratel, com um total de nove casos cada. Ainda na região metropolitana, os municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar contabilizaram um elevado número de homicídios, com doze e seis casos, respectivamente.

Grande parte dos homicídios no ano passado foi registrada com pessoas acima de 18 anos, chegando à soma de 561. A maioria das vítimas é considerada jovem, mostrando que a violência tem atingido cada vez mais as novas gerações.

Novamente, a exemplo do que ocorreu no ano de 2010, em 2011 o número de vítimas masculinas superou as femininas. Também foi contabilizado um total de 34 assassinatos contra adolescentes e três contra crianças.

Dos 603 homicídios em 2011, 400 foram praticados com uso de arma de fogo, 159 com arma branca e 49 com outros meios, quando as vítimas são mortas por meio de espancamento, estrangulamento ou uso de pedaços de madeira e pedras. Entre as pessoas que foram assassinadas, cinco eram policiais militares. De acordo com o coronel Ivaldo Barbosa, são cerca de 28 policiais militares mortos no Maranhão só no ano de 2011, ou seja, nem mesmo a polícia está isenta da desenfreada violência que campeia em terras maranhenses.

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