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Ricardo Teixeira decide continuar na presidência da CBF

Da Folha de São Paulo e UOL

Nem licença, tampouco renúncia. O presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador da Copa-2014), Ricardo Teixeira, 64, permanece em ambos os cargos apesar das novas denúncias e especulações de que estaria prestes a se afastar, até mesmo por motivos de saúde. Assembleia geral extraordinária, nesta quarta-feira, no Rio, definiu a situação.

Ricardo Teixeira (de terno preto) é cumprimentado em reunião

A saída do cartola, mineiro de Carlos Chafas e desde 1989 no poder, quando assumiu amparado pelo então sogro e presidente da Fifa, João Havelange, era dada como certa por presidentes de federações estaduais desde antes do Carnaval, quando viajou para a Flórida, onde tem bens e estava a sua família.

Depois, convocou a assembleia geral desta quarta, onde estiveram presentes os chefes das 27 federações estaduais. E, por unanimidade, eles homologaram apoio à continuação do mandato de Teixeira. Vai, portanto, ficar no cargo que ocupa há 23 anos.

Ficou acertado também que, em caso de renúncia, será cumprido o estatuto que coloca a sucessão para o vice-presidente mais velho da CBF. No caso, José Maria Marin.

Representante do Sudeste e ex-governador de São Paulo, o dirigente recentemente foi flagrado por câmeras de TV colocando no próprio bolso uma das medalhas da premiação do título da Copa São Paulo de juniores conquistado no último dia 25 pelo Corinthians.

Na ocasião, Marin disse que se tratava de “uma cortesia” da Federação Paulista.

Teixeira foi embora sem dar entrevista.

SAÚDE

A saída de Ricardo Teixeira também poderia ser motivada por motivos de saúde. Nesta terça-feira, por exemplo, Teixeira passou mal e abandonou uma reunião na CBF.

O UOL apurou que Teixeira deve fazer exames médicos nesta quinta-feira. O presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio, disse, inclusive, que Teixeira pode se afastar da CBF dependendo do resultado desses exames.

“Ele [Teixeira] disse na reunião que vai pedir licença por motivos de saúde”, afirmou Carmélio. “Quando isso vai acontecer, depende dos exames.”

Ele não comentou a saúde de Teixeira na coletiva sobre a assembléia. Ele só ratificou que, em casos de afastamento definitivo, quem assume é o vice-presidente José Maria Marin.

“Caso ele venha a sair, iremos seguir o estatuto”, disse. “Se for uma licença médica, ele escolherá o substituto entre os cinco vices. Caso a saída seja definitiva, entrará o Marín, que é o vice mais velho.”

Nos últimos dias, entretanto, Teixeira conseguiu articular com presidentes de federações e sufocou um foco rebelde para se manter no poder. Além de manter forte ligação com Teixeira, a maioria dos dirigentes enfrenta ou já enfrentou acusações de corrupção e outros desvios administrativos.

CRISE

Em crise não só dentro de campo –com a seleção eliminada das últimas Copa do Mundo e Copa América logo nas quartas de final– como principalmente fora dele –a Folha mostrou a ligação do dirigente com a Ailanto, empresa acusada de superfaturar um amistoso do Brasil, em 2008–, Teixeira vinha dando sinais de que poderia sair.

Frente Nacional dos Torcedores protesta em frente ao prédio da CBF, na tarde desta quarta-feira

No início do mês, demitiu o tio, Marco Antônio Teixeira, da secretaria-geral da entidade. Ele estava na função praticamente desde o começo do mandato do sobrinho no final da década de 1980.

No final do ano passado, já havia nomeado o então presidente do Corinthians, Andres Sanchez, para diretor de seleções. Além disso, o ex-jogador Ronaldo foi colocado dentro do COL.

Em 29 de setembro, foi internado em um hospital no Rio apresentando dores abdominais. O boletim médico disse que Teixeira tinha uma diverticulite (inflamação na parede do cólon, ligado ao intestino grosso) não complicada. Assim, faria tratamento apenas com antiinflamatório, analgésico e uma alimentação regulada, sem necessidade de cirurgia. Recebeu alta dois dias depois.

Enquanto esteve em observação, deu brindes para as pessoas que cuidavam dele, como bonés e camisetas da seleção brasileira.

Um mês antes, foi alvo de protestos em várias cidades do país contra a sua administração.

Torcedores protestam contra Ricardo Teixeira na avenida Paulista, em São Paulo

Além disso, enfrenta acusação de estar envolvido no maior escândalo da história da Fifa.

O chamado dossiê da ISL, ex-agência de marketing da entidade, falida em 2001, será avaliado pela Corte Federal da Suíça e tem documentos considerados comprometedores para Teixeira.

O processo, que tramita desde 2008, possui os nomes de dirigentes que supostamente receberam propina em negociação pelos direitos de transmissão de Copas do Mundo.

Pressionado, Teixeira perdeu força para virar o sucessor de Joseph Blatter na presidência da Fifa após a Copa de 2014, no Brasil.

Em 2000, chegou a enfrentar duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), no Congresso Nacional, porém o título da seleção no Mundial de 2002, segundo ele próprio, serviu para lhe dar força e terminar se mantendo à frente da CBF.

Seu mandato vai até 2015 graças a uma manobra no estatuto da confederação. Em 2008, ele conseguiu convencer os presidentes das federações estaduais a estender a gestão, de quatro para sete anos, para “não interferir” nos preparativos para a Copa-14.

Fotomontagem mostra momentos de Teixeira com diferentes técnicos da seleção

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