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Rei saudita distribui US$ 32 bilhões à população do país

Enquanto os europeus buscam austeridade econômica, os americanos lutam para acertar seu orçamento e os brasileiros encaram um arrocho fiscal, o rei da Arábia Saudita caminha no sentido contrário. Como um gesto de boa fé, e através de um decreto real, o rei Salman bin Abdul Aziz, que assumiu o trono no mês passado após a morte do rei Abdullah, doou US$ 32 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 91 bilhões de reais, quantia que será depositada nas contas bancárias de uma grande parcela da população saudita, por meio de um decreto real.

Salman bin Abdul Aziz, novo rei da Arábia Saudita

Salman bin Abdul Aziz: rei decidiu presentar população da Arábia Saudita com bilhões de dólares

Para se ter uma ideia do tamanho da doação, o programa de assistência social do governo brasileiro Bolsa Família, o maior programa assistencialista do mundo, custa aos cofres públicos R$ 24 bilhões por ano, mais de três vezes menos que o montante oferecido de uma só vez pelo rei saudita à população do seu país.

Segundo o jornal New York Times, nenhuma medida do rei foi tão falada quanto os prêmios que ele dá para uma boa parte da população.

“Querido povo, vocês merecem mais e qualquer coisa que eu fizer não vai ser o suficiente para lhes dar o que vocês merecem”, disse o Rei Salman no twitter.

A doação é maior que o orçamento anual da Nigéria, a maior economia da África. O valor supera o PIB de muitos países africanos, como o da Costa do Marfim (US$ 31 bilhões), Burkina Faso (US$ 11 bilhões) e Camarões (US$ 29 bilhões). Se dividido pelo número total da população do país, 28 milhões, renderia mais de US$ 1.100 para cada habitante.

Uma das doações, por exemplo, foi um bônus de dois meses de salário para funcionários do governo, soldados, pensionistas e estudantes que dependem do governo (na Arábia Saudita ou em intercâmbio).

O valor inclui gratificações a associações profissionais, literárias e clubes esportivos, investimentos em água e eletricidade e bônus equivalentes a dois meses de salário para todos os empregados do governo, soldados, pensionistas e estudantes no país e no exterior. Algumas empresas privadas concederam bônus comparáveis a seus funcionários, colocando mais alguns bilhões no bolso dos felizardos.

Os sauditas estão gastando bem o dinheiro recebido, diz o New York Times.

“Alguns compraram novos celulares, bolsas e viagens ao exterior. Outros pagaram dívidas, doaram para a caridade e compraram colares de ouro para suas mães. Alguns homens separaram dinheiro para casar com a primeira, segunda ou terceira mulher. Um saudita estava tão feliz que cobriu seu filho com notas novas de dinheiro”, afirma o jornal.

De acordo com o site Vice, não é a primeira vez que os prêmios generosos acontecem na Arábia Saudita. As doações podem ser usadas em momentos de crise política.

Segundo o Vice, o rei Abdullah, irmão de Salman que faleceu em 22 de janeiro, doou US$ 35 bilhões em 2011 a um fundo social para financiar casamentos, começar negócios e comprar casas.

A ação foi vista por muitos como uma tentativa de ganhar apoio diante do movimento da Primavera Árabe. Salman bin Abdul Aziz já afirmou várias vezes que seguiria a mesma política do irmão, inclusive na parte social.

Queda do petróleo preocupa

A maior parte da doação será distribuída neste mês, incluindo os bônus. Aproximadamente três milhões, dos 5,5 milhões de pessoas empregadas no país, são funcionários do governo, segundo o Grupo Ashmore, um fundo de investimentos.

Para o analista da Jadwa Investimentos, Rakan Alsheikh, a atitude é estranha, considerando que 90% das finanças da Arábia Saudita são baseadas no petróleo e o preço do combustível caiu cerca de 20% no mercado internacional. A Jadwa projetou o maior déficit do planeta para o país em 2015, US$ 44,5 bilhões. Com esse novo gasto, o déficit deve subir para US$ 67,2 bilhões, ou 9% do PIB.

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