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Por que estão matando tanto em São Luís?

E lemos que 35 homicídios foram cometidos apenas nos primeiros 15 dias de novembro em São Luís. Sem contar os 27 do mês passado e os outros tantos dos meses anteriores. Uma aberração. E chovem críticas à fragilidade, impotência, incompetência do sistema de segurança. Críticas que nem sempre serão justas, pois vistos sem as lentes de aumento da política, esses crimes, em sua grande maioria, tem origem em desavenças pessoais e diferenças ocasionais que não podem ser controladas apenas na solidão de um sistema repressor.

E a grande pergunta não é por que não se consegue impedir a ocorrência de tantos assassinatos e sim por que se está matando tanta gente em São Luís. À sombra de todas as razões prováveis e improváveis, dirão os partidários da teoria dos conflitos que o comportamento criminoso é uma reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade. Será? Reforçarão os marxistas que o crime é um produto histórico, patológico da sociedade capitalista. Será? Outros, mais ousados e selvagens, verão no comportamento criminoso uma subcultura da mesma cultura que impõe regras de conduta.

Para desespero de todas as teorias, anormal seria a sociedade que consegue manter o comportamento criminoso dentro de um limite, digamos, suportável. Disse o filósofo alemão Dukheim: ‘O crime é o fenômeno que apresenta, da forma mais irrefutável, todos os sintomas da normalidade, sendo, pois, necessário e útil, verdadeiro fator de saúde pública, um forte integrante de toda sociedade’. Será?

A condição econômica, a formação do caráter, a alimentação precária, a falta de educação, a exclusão social, o uso de drogas, posição ideológica, desvios psicológicos, falta de estrutura familiar. São tantas as razões apontadas de um comportamento homicida, mas a pergunta do editorial permanece sem resposta conclusiva: por que estão matando tanta gente em São Luís?

Em tese, seria o humano o único animal capaz de governar suas emoções. Em contrapartida, há quem advogue a existência no homem de uma predisposição genética para a agressividade. Sem discussão. Mas entre homicidas ocasionais, habituais, impetuosos e psicopatas, São Luís parece estar construindo uma estatística de horror que não se explica apenas pela explosão demográfica; afinal, somos já mais de um milhão de habitantes. Só que há cidades bem mais habitadas e ainda mais sufocadas pela pobreza nas quais não se registram tantos assassinatos.

‘O preço de viver em sociedade é controlar os impulsos’, disse o sociólogo brasileiro Sérgio Adorno. É uma frase feita, no entanto irretocável. Mas para explicar o alto nível de homicídios, hoje, na pacata São Luís, a partir desta frase, precisaríamos acreditar na deficiência moral da multidão. Nunca se matou tanto e por razões tão torpes como agora. Não são assassinatos do crime organizado, da revolta popular, da desobediência civil, são crimes do dia a dia, do ódio enraizado, do desrespeito pela vida humana. E só nos resta deixar a pergunta no ar:

Por que estão matando tanta gente em São Luís? (Editorial do JP)

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