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População impõe derrota nas urnas à ‘Dinastia Costa’

Hernando Macedo (PC do B) põe fim a 12 anos seguidos da família Costa no poder em Dom Pedro

POR OSWALDO VIVIANI (JP)

Doze anos seguidos de poder – 2001 a 2012 – da família Costa no município de Dom Pedro terminaram no domingo passado (7) com o resultado revelado pelas urnas eleitorais: 7.598 votos para Hernando Macedo (PC do B) e 6.305 para Arlene Costa (PSD).

A diferença de 1.293 votos em favor de Hernando não foi das maiores, mas pode ser considerada uma façanha num reduto tradicionalmente coronelista, em que a ‘dinastia Costa’ há mais de uma década vinha impondo sua vontade. Nas eleições municipais de 2008, Hernando perdera para Arlene por apenas 52 votos – 6.245 eleitores votaram em Hernando contra 6.297 em Arlene.

Quando o mandato da atual gestora terminar, em dezembro próximo, quatro integrantes da família Costa terão sentado na cadeira de prefeito durante nada menos do que 26 anos.

Ananias de Morais Costa administrou Dom Pedro de 1953 a 1956. O clã voltaria a ocupar o poder municipal em 1983, com a eleição, no ano anterior, de Alfredo Falcão Costa, marido da atual prefeita. Ele foi prefeito por seis anos (até 1988). Nas eleições de 1992, o odontólogo José de Ribamar Costa Filho (primo de Alfredo Costa) saiu vencedor. Administrou Dom Pedro de 1993 a 1996 (quatro anos). Ribamar voltou à Prefeitura em 2000 e foi reeleito em 2004. Foram oito anos no poder: 2001 a 2008. Arlene Costa o sucedeu, assumindo o cargo de prefeita em 2009.

Esse ciclo dinástico foi rompido no dia 7, em Dom Pedro. Além da prefeita, foram derrotados os que gravitavam no entorno do poder – representados por uma extensa parentalha, dona de vários cargos na administração municipal, e principalmente por Eduardo José Barros Costa, filho de Alfredo e Arlene Costa.

Com 38 anos, ‘Eduardo DP’ ou ‘Imperador’, como é conhecido, é tão influente quanto os pais na gestão que está de saída. Segundo a oposição, empresas em seu nome ou registradas como sendo de amigos dominam a prestação de serviços à prefeitura. Investigado pela Polícia Federal por suposta prática de agiotagem, ‘DP’ usou sete RGs e quatro CPFs na formalização de seus negócios empresariais, conforme revelou reportagem do Jornal Pequeno de 29 de julho passado.

Moralização

Moralizar essa estrutura administrativa de Dom Pedro – viciada em falta de transparência e procedimentos inidôneos – é a missão principal do prefeito eleito.

A tarefa não é fácil. Apesar de receber religiosamente recursos federais significativos – só este ano foram despachados ao município, de Brasília, perto de R$ 18 milhões, segundo a Controladoria Geral da União (CGU) –, a cidade dos Cocais abriga 52,15% de excluídos sociais – mais da metade da população de 22.681 habitantes. O programa federal Bolsa Família ainda é a principal fonte de renda para 3.930 pessoas, no município (mais de 17% da população).

Pode ajudar Hernando Macedo a colocar Dom Pedro nos trilhos da moralidade o fato de que a Câmara Municipal – tal como o Executivo – foi amplamente renovada. O número de vereadores aumentou de nove para 11 na próxima legislatura, mas, mesmo assim, somente dois vereadores eleitos em 2008 foram reeleitos agora: Farys Miguel (que trocou o PV pelo PC do B, partido do novo prefeito) e Zaqueu Pereira (PSC).

Dos outros nove vereadores eleitos, três são do PC do B (Elissandro, Enéas Liarte e Tânia do Lula); dois do PSD (Sérgio Hortegal e Felipe Vieira); um do PT (Fábio Amâncio); uma do PMN (Edilma Diogo); uma do PSC (Alexsandra do Adalberto); e um do PR (Nilton Bezerra).

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