PMDB retira apoio a Novais, que pedirá demissão hoje
O Estado de São Paulo
Em uma conversa na manhã de hoje, envolvendo o ministro do Turismo, Pedro Novais, e as lideranças do PMDB, ficou decidido que o partido não mantém mais apoio à permanência de Novais na pasta. Ele deve entregar ainda hoje à presidente Dilma Rousseff a sua carta de demissão.
Segundo o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o ministro ainda não apresentou explicações ao partido sobre as denúncias da Folha de que ele usou verba pública para pagar sua governanta e de que sua mulher utiliza irregularmente um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular.
“Nós estamos aguardando os esclarecimentos que ainda não foram apresentados”, disse Raupp. A presidente Dilma Rousseff demonstrou a aliados sinais de que espera que o ministro peça demissão.
Desde que assumiu a pasta, em janeiro, Novais virou foco constante de denúncias. Na última, publicada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo, o Planalto soube que o ministro usa um servidor da Câmara, Adão dos Santos Pereira, como motorista particular da mulher dele, a aposentada do serviço público Maria Helena de Melo.
Adão servia no gabinete de Novais, quando ele era deputado federal pelo PMDB do Maranhão. Quando deixou o cargo para assumir o Turismo, o motorista foi transferido, em um jogo cruzado de favores políticos e fisiológicos comum no Congresso, para o gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) – Novais e Escórcio são aliados incondicionais do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Nesta terça-feira, 13, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o ministro teria usado dinheiro da Câmara para pagar o salário da governanta de seu apartamento em Brasília. Em nota da assessoria, o ministro afirmou que ela era lotada no seu gabinete de deputado até dezembro de 2010. Seu trabalho era dar “apoio administrativo ao deputado e aos outros funcionários”, afirmou.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que poderão ser investigadas as suspeitas e que o episódio, por se tratar de suposto caso de improbidade, não é protegido pelo foro privilegiado. “Eu vi apenas a notícia divulgada na imprensa, mas isso vai se somar a toda aquela série de procedimentos que já se encontram no Ministério Público”, afirmou.
Crises
A denúncia de pagamento irregular surge pouco mais de um mês depois da operação da Polícia Federal que denunciou o desvio de recursos do ministério. Ao todo, 36 pessoas foram presas, oito delas integrantes da pasta. Novais também ficou marcado pela denúncia feita pelo Estado, em dezembro de 2010, de que pediu à Câmara o ressarcimento por despesas em um motel de São Luís (MA).
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