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Operação da PF envolvendo Juscelino pode atrasar reforma que acomodará o Centrão

O Globo – A operação que apura suspeitas de desvio de dinheiro público envolvendo emendas parlamentares do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pode protelar a conclusão da reforma ministerial, que já dura quase dois meses, na avaliação de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde julho, PP e Republicanos, siglas do Centrão, negociam com o Palácio do Planalto o embarque no governo.

Lula passou a sexta-feira fora de Brasília, cumprindo agendas no Rio Grande do Norte e Ceará, e não chegou a discutir a situação do ministro das Comunicações em reuniões formais. Autoridades do entorno do petista avaliam que, agora, ele poderá aguardar até que a situação de Juscelino fique mais clara para, se for o caso, promover de uma só vez as mudanças que planeja na Esplanada. Por ora, no entanto, representantes do governo rechaçam a possibilidade de demissão do titular das Comunicações.

Havia expectativa de que o chefe do Executivo concluísse a reforma na próxima semana. Diante da operação da PF, aliados de Lula salientam que ele pode usar o episódio para ganhar tempo, sobretudo porque até agora não há uma definição sobre qual ministério o PP deverá ocupar. O partido mira o Desenvolvimento Social, ainda que sem o Bolsa Família, programa vitrine do governo. Lula resiste e tenta encontrar caminhos para não tirar o PT de um ministério considerado estratégico. Hoje, a pasta é comandada pelo petista Wellington Dias.

Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) disse à CNN que não “não há chance” de Juscelino Filho sair da Esplanada.

— Investigação não é condenação, e a Constituição assegura o princípio da individualidade da pena. Neste momento, não tem nenhuma discussão sobre retirada do governo.

Integrantes da equipe de articulação política do Planalto afirmam, porém, que se a situação de Juscelino se tornar insustentável, caberá ao próprio União Brasil indicar um outro nome para ocupar a pasta.

Nesta sexta-feira, após a operação da PF, o ministro das Comunicações ligou para diversos aliados dentro do União, como o senador Davi Alcolumbre (AP), o deputado Elmar Nascimento (BA) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, para debater a situação.

Foi Alcolumbre quem bancou a indicação de Juscelino no fim do ano passado. Por isso, o entendimento no governo é que, caso o ministro saia, o próprio Alcolumbre vai apontar um substituto.

A cúpula do União não admite discutir neste momento a indicação de outro nome para substituir Juscelino. Apesar disso, mesmo aliados dizem que não há como avaliar como estará a situação no futuro e que é preciso esperar para ver qual proporção o caso tomará. A avaliação na legenda é de que há uma vontade de parte do governo em retirar Juscelino do cargo.

— Até onde vi, ele não foi alvo da operação, emitiu nota reafirmando sua disposição em contribuir e esclarecer eventuais dúvidas remanescentes. Portanto as circunstâncias permanecem as mesmas e o ministro mantém a confiança da bancada — disse o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB).

Uma ala do partido ligada ao extinto PSL tem uma avaliação diferente e considera que o ministro tende e gerar desgastes ao partido e deveria sair do cargo. Esse grupo é minoritário dentro da bancada do União Brasil na Câmara.

Em março, quando surgiram suspeitas de que o ministro das Comunicações havia recebido diárias do governo para uma viagem a São Paulo em que teve compromissos pessoais, Lula o chamou para uma reunião. Dias antes, o presidente havia afirmado numa entrevista que, “se ele não conseguir provar a sua inocência, não pode ficar no governo”.

Naquela ocasião, Juscelino divulgou um vídeo e alegou que houve um erro no sistema de diárias que incluiu indevidamente no cálculo dos valores as datas referentes a fins de semana, quando ele não teve agendas públicas. O ministro disse ainda que havia devolvido as diárias pagas indevidamente.

Plano de fatiamento

Após anunciar a criação do Ministério da Média e Pequena Empresa, na quarta-feira, Lula chegou a avaliar o fatiamento do Desenvolvimento Social e entregar uma das partes ao PP. Wellington Dias já se disse contrário à divisão e afirmou que os programas de assistência só funcionam se estiverem juntos. O comando dessa pasta ficaria com André Fufuca (MA), nome indicado pelo PP.

Pelo desenho discutido no Planalto, o Republicanos ficaria com o Ministério de Portos e Aeroportos. O indicado pela legenda ao posto é o deputado Silvio Costa Filho (PE).

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