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O Retorno da Inflação e a Falácia da Reforma Política

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Quando 2 ilusões de ótica (o vestido branco e dourado – ou seria azul e preto? – e uma “aparição” numa foto de casamento) dominam as conversas nas redes sociais pelo Brasil, é porque realmente o povo está cego. Ou finge que não vê que o Partido dos Trabalhadores afundou o país na maior crise desde o governo Collor. O dragão da inflação destruído por Fernando Henrique Cardoso e seu Plano Real ressuscitou com força total.

A candidata Dilma Rousseff, em 2014, ridicularizou os paulistas em plena campanha eleitoral pela falta d’água acusando o governo tucano de São Paulo de incompetência pela crise hídrica naquele estado. Tudo para tirar votos do seu adversário Aécio Neves. Hoje, a presidente justifica o aumento da conta de energia elétrica justamente com alegação de que a falta d’água é no país inteiro – afetando as usinas hidrelétricas -, não só no estado paulista. Pela lógica dela (se é que algum petista usa lógica ou honestidade intelectual em seus argumentos), a incompetência agora só pode ser do governo federal. Se, ao invés de usar a desgraça paulista eleitoralmente, naquele momento, já tivesse começado a ajudar, talvez não tivéssemos chegado ao fundo do poço atual.

Já a gasolina a R$ 3,50, e com a promessa de que o aumento não vai parar por aí, é o símbolo de que a Petrobras na mão da corja petista fracassou. A prioridade da petroleira não deveria ser apenas exportar e lucrar, mas também ter autossuficiência necessária para os preços dos derivados de petróleo chegarem baratos ao consumidor brasileiro, sem necessidade de importação. Nas mãos de quem está hoje, não é nem uma coisa nem outra. A estatal, segundo a Operação Lava Jato da Polícia Federal, sob a batuta do juiz Sérgio Moro, virou um grande propinoduto, fonte de renda para campanhas eleitorais. Não é à toa que o PT é contra as privatizações: é com o dinheiro público das estatais, diz a PF, que ele consegue financiar suas campanhas e ainda sobra um troquinho milionário para os próprios bolsos de seus partidários.

Não é à toa também que a atual presidente culpa o financiamento privado das eleições pela corrupção. Para ela e para muitos, apenas uma reforma política frearia o ímpeto de seus correligionários do gosto pela corrupção. Como diz o colunista de Veja, Reinaldo Azevedo, ela parece desconhecer que a tese de defesa dos mensaleiros do seu próprio partido era justamente que tinham cometido “apenas” o crime eleitoral de caixa dois na eleição; ou o financiamento exclusivamente público impediria isso? Finge desconhecer também que a corrupção não acontece apenas por causa de eleição: o mensalão prova que ela existe para comprar votos de parlamentares para apoiar projetos do Executivo no Congresso Nacional.

A falácia da reforma política surgiu dos difusos protestos de junho de 2013: não era o que o povo pedia, mas para fingir que ia consertar o país num passe de mágica, e em interesse próprio, claro – como disse o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o fim das doações empresariais tornaria esse partido automaticamente o mais rico, pois é quem abocanha a maior parte do Fundo Partidário -, o PT inventou que o queríamos era aquilo. Essa reforma não muda nada, pois as leis eleitorais são apenas regras do jogo. Elas não afetam diretamente o brasileiro, não diminuem o custo de vida, não impedem o aumento abusivo da carga tributária que o atual governo vem fazendo. Apenas uma mudança no condutor do país teria o poder de melhorar a situação.

Ainda que não se tenha base legal ou política para um impeachment – nem seria favorável à nação neste momento, pois a Presidência cairia no colo do vice Michel Temer, do mesmo PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros -, quem está sendo mais diretamente afetado pelos abusos petistas já está abrindo os olhos. Os caminhoneiros que, com o aumento do diesel, viram seu lucro ir à zero, já fazem bloqueios nas rodovias do Sul e Sudeste. Se “sem caminhão, o Brasil para”, são os próprios caminhões hoje que estão parando o país. A crise de desabastecimento está afetando o país inteiro e o que a presidente diz? Que não pode baixar o preço do diesel, e, coitadinha, que antes era criticada por represar os preços e hoje, por aumentar tudo, também é criticada. Esquece, convenientemente, claro, de dizer que segurou os aumentos apenas por causa da eleição. Se tivesse aumentado gradualmente, como deveria ter sido feito, o brasileiro estaria muito mais preparado.

As manifestações juninas do ano retrasado eram carentes de foco, e, por isso, não obtiveram sucesso. Mas hoje é diferente. Como diria o político mais famoso da ficção, Frank Underwood, em um de seus raros arroubos de honestidade: “Na política, só existe uma regra: cace ou seja caçado”. O povo, senhora presidente, cansou de ser presa. Espera-se que os protestos que se iniciam em 15 de março abram os olhos da parte da população que prefere ficar se iludindo. As manifestações querem somente uma coisa agora: caçar o PT.

Dr. Italo Gomes (OAB/MA 11.702-A) é Advogado em Bacabal-MA. Bacharel em Direito pela UNINOVAFAPI-PI e Pós-Graduando em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Escola Superior Verbo Jurídico-RS.

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