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O que acontece com Cunha e com a Câmara após a renúncia?

Eduardo Cunha ao renunciar ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados nesta quinta, 7/7/2016

“Somente minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade”, disse Cunha

BBC – Após meses negando publicamente a possibilidade de renunciar ao mandato de presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou justamente o oposto na tarde desta quinta-feira. Surpresa? Nem tanto.

O anúncio já era esperado entre parlamentares e cientistas políticos. Para muitos, indicaria uma última cartada para tentar evitar a cassação de seu mandato – a eleição de um aliado de Cunha como novo presidente da Casa poderia interferir diretamente na decisão da Comissão de Constituição e Justiça, que decidirá se o processo contra ele regredirá ou irá a plenário.

Para outros, entretanto, a renúncia apenas revelaria o alto grau de desgaste do parlamentar – citado em diversas delações na operação Lava Jato e réu em duas ações abertas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o peemedebista é acusado de ter mentido aos colegas sobre ter contas na Suíça, o que ele nega.

Diante da situação praticamente insustentável, a renúncia poderia ser uma escolha que evitaria o “constrangimento” de ser afastado por colegas parlamentares que fizeram parte do “baixo clero” apoiador de Cunha – caso da deputada Tia Eron (PRB-BA), aliada política que teria cedido à pressão popular e acabou votando pelo afastamento do parlamentar no Conselho de Ética da Casa.

Para Michel Temer, segundo analistas políticos ouvidos pela BBC Brasil, o afastamento é positivo, já que a pressão popular contra Cunha e sua insistência em sem manter na presidência da Câmara representariam uma pedra no sapato do presidente interino às vésperas da decisão final do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Por outro lado, caso a Comissão de Constituição e Justiça decida anular a votação na qual o Conselho de Ética recomendou cassar o mandato de Cunha, o que faria o processo recuar, Temer também poderia cair em maus lençóis – sendo visto como parte de um eventual “acordão” para salvar o aliado.

Consenso entre analistas e parlamentares é o favoritismo de Rogério Rosso (PSD-DF) na disputa para assumir o comando da Câmara.

Rosso foi o presidente da comissão que avaliou o impeachment de Dilma na Câmara e tem boa relação com Temer, com a maioria dos deputados e… com ele mesmo, Eduardo Cunha.

Maranhão também cai
Tido como braço direito de Eduardo Cunha na mesa diretora da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), que assumiu a presidência interina da Casa, vinha sendo classificado como “fraco” e “despreparado” pela maioria de seus colegas.

Inicialmente próxima, a relação entre Cunha e Maranhão azedou desde o afastamento.

“Resolvi ceder aos apelos generalizados dos meus apoiadores. É público e notório que a Casa está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra que não condiz com o que país espera de um novo tempo após o afastamento da presidente da República. Somente minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente”, disse Cunha em seu discurso de despedida, referindo-se ao ex-colega.

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