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O Maranhão, a Greve e a Insegurança Pública

Por Antônio de Lisboa Machado Filho *

Um marco na história recente do nosso Povo. É assim que se pode definir o movimento paredista protagonizado pelas forças de segurança pública do Estado do Maranhão, nas pessoas da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. O ineditismo deste movimento permite analisar diversos aspectos que devem ser, serenamente, considerados:

Primeiro: o estado de abandono em que se encontram as diversas instituições maranhenses, mergulhadas num esquecimento quase secular, pois se até a rígida disciplina das forças militares do Estado não foi suficiente para conter o ânimo de seus integrantes, então nos parece legítimo concluir que os diversos segmentos da Administração Pública que os antecederam em movimentos paredistas não o fizeram sem justo motivo – a exemplo dos professores, que até ainda recentemente se encontravam em greve, reivindicando justíssimos direitos seus.

Segundo: o comportamento adotado pelo Governo diante dos movimentos parece-nos permitir que se perceba inércia, diante de todos os desafios que um Estado problemático como o Maranhão impõe, não permitindo ajustes meramente artificias; incompetência, diante de todas as necessidades de um Povo cuja carência já é amplamente conhecida de todo o País e; desinteresse pela solução dos mais sensíveis e cotidianos problemas que o homem comum da nossa terra enfrenta no seu dia-a-dia, o que, a longo prazo, já poderia ter sido resolvido, já que, praticamente, um mesmo grupo político vem ocupando o Palácio dos Leões há quase meio centenário.

Terceiro: falta de comprometimento pessoal dos representantes do governo estadual, assim no Executivo como no Legislativo, que não apresentaram, em até quinze dias corridos – como havia sido acordado com os Policiais – nenhuma proposta que satisfizesse, pelo menos, um canal razoável de minimização do movimento de greve, que mais que um direito justo de ser exercido, é um dever de ser tolerado, embora a Lei vigente aponte noutro sentido no que se refere a este tema quando os grevistas forem militares, aos quais é vedada a sindicalização – mecanismo que facilitaria as negociações, pois aí se teria um canal legítimo, certo, eleito, para com o mesmo se dialogar, sem improvisos ou acirramento de ânimos.

O ineditismo do movimento uniu policiais civis e militares, aglutinou em seu torno o Povo, os quilombolas, os formadores de opinião, profissionais da imprensa, sindicalistas, representantes de forças políticas progressistas, parlamentares de esquerda, servidores públicos anônimos que não podiam se expor sob o risco de perseguições; deu a todos a certeza de que a gama substancial dos maranhenses já não parece mais ser a mesma, de que cada vez mais a sociedade anseia por renovação dos atores no cenário das grandes decisões do Estado; o ineditismo do movimento deu esperança aos cidadãos que amam esta terra, tão castigada pelo abandono em todos os setores, gerando uma sensação de insegurança generalizada no seio das pessoas comuns que só querem ter a chance de viver o sonho de um futuro melhor para si e para as novas gerações.

*Advogado, professor de Direito, Atualidades e Língua Estrangeira.

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