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O legado da fome

Editorial do Jornal Pequeno, escrito pelo jornalista Cunha Santos

Discursava o governador Flávio Dino, durante a comemoração do aniversário de 93 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), na Assembleia Legislativa, sobre o maior desafio de nossas vidas, o maior desafio da história: governar bem, governar com honestidade e melhorar a vida do povo do Maranhão.

A esse discurso, sucedeu uma reportagem da TV Record brilhantemente resumida pelo jornalista John Cutrim em seu blog, sobre a herança de miséria e atraso deixada pelo grupo Sarney. “Uma herança de fome, dívidas, escândalos de corrupção, insegurança, educação sem qualidade”.

E resumia o jornalista John Cutrim: “A pobreza abordada de forma nua e crua e as condições insalubres de sobrevivência, mostradas para todo o Brasil pela emissora do Bispo Macedo, é a realidade fiel dos governos ininterruptos de Roseana Sarney e membros do clã que, vergonhosamente, deixaram quase dois milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza (renda per capta de R$ 70 por mês). Para acrescentar, em seguida, que dos quase 7 milhões de maranhenses, 4 milhões sobrevivem de Bolsa Família.

E eis aí uma forma catatônica de governar, um modelo perigoso de política do qual o povo se libertou, embora que tardiamente. Nenhuma dúvida de que os privilégios de alguns poucos, adquiridos pela via da corrupção, são os responsáveis pelo desalento de uma população cuja qualidade de vida ficou abaixo de qualquer perspectiva. Imaginem só o que pode ser o sofrimento de quem sobrevive ao custo de R$ 70 por mês. Imaginem só o que pode significar mais da metade do povo de um estado vivendo dos parcos recursos do Bolsa Família.

Esse legado de fome e miséria ombreou-se às denúncias de propinas, de desvios de recursos públicos e, enquanto a propaganda oficial anunciava um Maranhão de muitas conquistas, não havia o que comer nas mesas, não havia onde educar as crianças, não existia segurança pública e nem sequer onde tomar banho.

Sabe-se, agora, que pagamentos de obras que podem nunca ter sido construídas foram feitos sem autorização do BNDES, na esteira dos empréstimos que o antigo governo tentou desviar para a corrida eleitoral. Em suma: não houve um governo aqui; houve um conluio de autoridades, políticos, empresários e fundações para simplesmente o arresto de recursos públicos. O povo paga até hoje com fome de alimentos, de justiça, de educação e todas as fomes que assim pudermos imaginar.

É, de fato, um desafio monumental que exigirá deste e dos próximos governos e de todos os cidadãos de bem um esforço supra-humano para corrigir essa quase inenarrável injustiça social.

Só quem sentiu sabe o que é e o quanto dói a fome. Ninguém mais.

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