O senador José Sarney resolveu publicar, na edição de hoje do jornal O Estado do Maranhão, um artigo falando dos buracos de São Luís. Num tom vil, peculiar a alguém que não pode mais disfarçar o ódio e o rancor enraizados no coração, José Sarney resolveu deixou de lado a imagem de literato, bom moço, escritor – de linhas mal traçadas – para falar de buracos. “(…) Os nossos buracos são tantos e, pior, não vi ninguém tapando buracos. Por que não se faz uma guerra para melhorar nossas ruas?”, diz ele em seu surrado escrito.

José Sarney, político em fim de carreira e sem mandato a partir de 2015, só hoje percebeu que há buracos em São Luís. A descoberta repentina, deduz-se, deve ser por que o meio de transporte que mais utiliza seja jatinhos e helicópteros alugados pelo governo da filha. Não se sabe ainda as razões, mas Sarney teve que recorrer a um táxi para se deslocar do aeroporto até o Palácio dos Leões e ser apresentado aos tais buracos.

Buraco é uma ‘praga’ que atormenta não apenas os motoristas de São Luís. Tira o sono de muitos prefeitos maranhenses bem como deixa em estado de revolta a população. Basta iniciar o período chuvoso para que a malha viária vire uma tábua de pirulito. Pinheiro, por exemplo, terra natal do senador José Sarney e dirigida por um aliado seu, não faltam buracos. Tem para todos os tipos e gostos.

Sabe-se que o ex-presidente do Senado há tempo não vai a Pinheiro, por isso desconhece as crateras que tomam conta da princesa da baixada. E tampouco sabe do estado precário de algumas estradas maranhenses.

Acabar com buracos é uma tarefa simples, diante de outros desafios maiores, como saúde e educação. Porém, tapá-los ou eliminá-los com novo pavimento requer investimento, tempo e eficiência. No caso de São Luís, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior luta com sua equipe para recuperar as vias e bairros da cidade. São várias equipes de tapa-buracos atuando na capital.

Apesar das dificuldades, o prefeito Edivaldo já reduziu bastante a deficiência da malha viária, com recursos próprios recuperou a usina asfáltica do município e hoje faz um trabalho modelo de reurbanização no bairro São Cristóvão. Além disso, a partir de primeiro de janeiro de 2015 finalmente governo e prefeitura vão trabalhar juntos na infraestrutura e outras importantes áreas como não se tem notícia nas últimas décadas de domínio da oligarquia Sarney.

Por outro lado, a Caema, subordinada ao governo da filha, Roseana Sarney, continua sem fazer sua parte. São bueiros sem tampas e vazando a céu aberto em toda São Luís. Com certeza, Sarney deve ter caído em uma dezena de buracos desses nas suas andanças por terra pela ilha e ter sentido o odor do esgoto que contamina  a cidade.

Mas já que o assunto em tela é este, o senador José Sarney deveria falar também do seu grupo político, que colocou o Maranhão num grande e profundo buraco. São quase 50 anos de uma oligarquia que, do alto de sua incompetência e descaso, levou o estado aos últimos patamares. Infelizmente, continuamos liderando os piores índices socioeconômicos. Isso, sem dúvida, é o pior buraco de todos, muito mais complexo de superar do que colocar asfalto em uma cratera, que requer somente alguns minutos.

Ah, aproveitando, fica uma sugestão para o próximo escrito do oligarca. Elaborar um artigo abordando os poucos buracos disponíveis nos cemitérios de São Luís dado o índice alarmante de pessoas assassinadas. Não há diferença ser de bairro nobre ou periferia. São corpos cravado de bala pela manhã, tarde e noite todos os dias. Nunca vivemos em momento de insegurança tão grande no ‘melhor governo’ da vida de Roseana Sarney. E os buracos que foram cavados para enterrar os maranhenses que morreram na miséria, por falta de condições de vida digna durante todos esses anos de desgoverno do grupo Sarney?

Para finalizar o assunto, fica a análise do poeta Cunha Santos sobre a situação.

“Ora, esses buracos estão aí desde a primeira administração Mauro Fecury quando Sarney, esburacando a liberdade civil, nomeava prefeitos. São buracos muito velhos. Tem buraco tão antigo que é capaz de ter mais tempo de poder em sua rua que Sarney de poder no Maranhão. Tem buraco tão velho que viu Sarney se fingir de democrata para chegar ao governo do Estado e logo em seguida se aliar à ditadura. Buraco tão usado que pelos serviços prestados merecia receber de Roseana Sarney a Medalha do Mérito Timbira ou uma nomeação para o Tribunal de Contas do Estado na missão de tapar buracos nas contas do governo.

Gente, se Sarney, que só se desloca em aeronaves pagas com o dinheiro do povo, viu um buraco é porque a coisa realmente está séria. É surpreendente. Sarney foi governador, é senador há muito tempo, foi presidente da República durante seis anos e nunca tinha visto um único buraco em São Luís. Se visse, tapava. Sua filha já governa o Maranhão há quase 12 anos e vai ver também nunca tinha visto um buraco na cidade. Está explicado, então, porque em quase 50 anos de governo nada fizeram para tapar tantos buracos. Sarney só agora sabe da existência dos buracos. Mas faz tempo que o povo sabe dos buracos na existência de Sarney.”