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Fim de uma era

O prefeito João Castelo deixará a Prefeitura em janeiro de 2013, como diz, com a consciência do dever cumprido. Os erros que o levaram a uma derrota provavelmente foram mais de natureza política que administrativa. A São Luís que encontrou era de fato intransitável, as avenidas esbandalhadas, os hospitais públicos liquidados e 219 escolas completamente deterioradas. A São Luís que existia quase que precisava ser reconstruída. E o prefeito fez o que era possível dentro do que o minguado orçamento municipal permitiu.

O prefeito agora recolhe os 41 anos de uma vida pública que atravessou todos os grandes momentos da política maranhense na última metade do século passado. Era governador quando eclodiu em São Luís a greve dos estudantes, no ano de 1979, num momento em que os militares não permitiam nem reunião de clube de mães; mas também foi o governador acusado de megalomania quando decidiu transportar as águas do rio Itapecuru para São Luís, resolvendo um problema de abastecimento secular e insuportável. De sua trajetória ‘megalomaníaca’ consta ainda a maior contribuição para dirimir o grave problema do déficit habitacional da capital maranhense, com a construção dos conjuntos Cidade Operária e Maiobão.

Um dos primeiros políticos da velha safra historicamente rompidos com o grupo Sarney, Castelo chega aos 75 anos na condição de prefeito de São Luís e anunciando o fim de sua carreira política. Homem de grandes projetos iniciou e pretendia concluir a pavimentação asfáltica de toda cidade, o que era impossível em um único mandato. E deixa engatilhados o Corredor de Transportes Urbanos e o VLT, outros sonhos ‘megalomaníacos’ do administrador de uma cidade, que, mesmo ultrapassando um milhão de habitantes, não cansa de ser província.

Castelo não conseguiu se proteger da violência política do grupo Sarney que durante quatro anos usou como pode o monopólio dos meios de comunicação no estado para perseguir seus projetos e programas. Enfrentou ações judiciais até contra obras tão nobres quanto à construção do maior Hospital de Urgência e Emergência do Nordeste. Não conseguiu se livrar das traições e conspirações urdidas no decorrer de seu mandato e que vieram se revelar no limiar do segundo turno dessas eleições.

Seus adversários conseguiram um feito decisivo para a eleição: conquistar a juventude disposta a substituir um por um os velhos caciques da política maranhense. E isso é compreensível. Mesmo assim, mais de 220 mil eleitores, em meio a uma abstenção que chegou a 22%, foram às urnas dizer que queriam sua permanência na Prefeitura. Castelo vai deixar a política ainda amado e respeitado pelos eleitores de uma cidade sobre a qual costuma dizer: ‘Devo tudo ao povo de São Luís’.

Para além de todas as cisões deixadas pela terrível batalha eleitoral de 2012, outra será travada de imediato com vistas ao ano de 2014. A batalha deste ano a oposição venceu. A próxima diz respeito a perder ou vencer a guerra. Que se recolham as vítimas, recarreguem-se as armas e unam-se os exércitos.

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