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Nordeste ampliou concentração de riqueza em três Estados; Maranhão de fora

Carlos Madeiro, do UOL

O crescimento industrial do Nordeste não ocorre de foram igualitária, segundo avalia o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Alagoas e doutor em economia regional, Cícero Péricles Carvalho. De acordo com ele, falar em desenvolvimento da região como um todo se torna um equívoco, já que a industrialização é um fenômeno real apenas em três Estados: Bahia, Ceará e Pernambuco.

Para Carvalho, os números pujantes da economia nordestina escondem uma ampliação da concentração das riquezas nos maiores centros da região, com pouca oportunidade para os demais Estados.

“Ampliou-se uma distorção já existente, que é a concentração geográfica interna. Na faixa oriental entre Fortaleza, Recife e Salvador, estão 90% do PIB [Produto Interno Buto] industrial da região. Como as economias nordestinas são assimétricas, as unidades maiores e as mais ricas saíram na frente”, declara.

Segundo ele, hoje, as regiões metropolitanas de Fortaleza, Recife e Salvador têm mais população e renda do que os estados de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Sergipe juntos.

Para o economista, a política fiscal de incentivo foi importante para auxiliar os três Estados nordestinos na atração de empreendimentos.

“Nos anos 90, em meio a uma fase marcada pelo processo de liberalização da economia nacional e pela ausência de uma política de desenvolvimento industrial, com o esvaziamento da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), que era a instituição coordenadora do planejamento regional, os maiores estados nordestinos -Bahia, Ceará e Pernambuco- iniciaram uma estratégia de concessão de incentivos, a conhecida guerra fiscal”, afirma Carvalho.

Três centros industriais atraem atenção de empresas

O “milagre econômico do Nordeste” está concentrado nos três grandes centros industriais, nos Estados de Ceará, Bahia e Pernambuco. O mais pujante deles é o Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca (na região metropolitana do Recife).

O complexo pernambucano foi o que mais recebeu investimentos e promessas nos últimos anos.

De 2007 a 2011, foram investidos US$ 9,7 bilhões, de um total previsto de US$ 26,1 bilhões. Os US$ 16,4 bilhões restantes devem ser investidos até 2015, segundo Silvio Leimig, diretor do Suape Global.

O momento de Suape é tão bom que o complexo se dá ao luxo de tentar convencer os empresários que buscam investir no local a procurarem outras áreas em Pernambuco. Hoje, existem vários critérios para aprovação da instalação de uma empresa no complexo.

“Temos dois objetivos quando um empresário nos procura: que a empresa fique aqui, em Pernambuco, e que não fique em Suape. A diretriz do governo é que o desenvolvimento seja espalhado para todo o Estado. Um bom exemplo foi a Fiat. Ela foi atraída para Suape, mas fizemos um grande esforço para tirá-la daqui e para abrir uma nova frente de desenvolvimento em outro local. Junto com a Fiat irão 60 empresas, que vão desenvolver toda região da mata norte do Estado”, afirma Leimig.

Hoje, Suape possui investimentos de peso, com destaque para a refinaria Abreu e Lima, que tem investimentos de US$ 17 bilhões em andamento -a previsão é que a unidade comece a operar, na primeira fase, no segundo semestre de 2014.

No Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), os investimentos em andamento passam da casa dos R$ 14 bilhões. O maior investimento do local é Companhia Siderúrgica do Pecém, que devem empregar 3.300 pessoas, num investimento de R$ 11,1 bilhões.

Além dos investimentos em andamento, mais R$ 1 bilhão foi investido nas empresas já instaladas no local. Para ampliar a capacidade, devem ser investidos na ampliação do porto até 2015.

No Pólo de Camaçari (na região metropolitana de Salvador), os investimentos feitos desde 2007 e previstos até 2015 devem superar a marca de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 30 milhões), gerando 17 mil empregos diretos.

Venda de carros em expansão atrai montadoras

A Fiat é um dos exemplos de e aposta na expansão do mercado nordestino. A empresa informou que a escolha por Goiana (a 80 km do Recife, em Pernambuco). Pernambuco ocorreu pela posição geográfica estratégica.

“Pernambuco está consolidado como o Estado que mais se desenvolve no Nordeste, região com maior potencial de elevação do consumo entre os brasileiros. Além disso, a opção da Fiat pela região Nordeste do país, mais especificamente por Pernambuco, se fundamenta na posição desenvolvimentista adotada pelo governo do Estado.”

A montadora está investindo R$ 4 bilhões até o segundo semestre de 2014. A fábrica terá capacidade de produção de 250 mil carros por ano e sua operação vai gerar cerca de 4.500 vagas de emprego. Durante o período de construção, a fábrica vai criar 7.000 empregos.

Outra montadora que escolheu se instalar fora do eixo Sul-Sudeste foi a JAC Motor. Segundo o setor de comunicação, a montadora definiu três pontos como fundamentais para a escolha do local de sua primeira fábrica no país: proximidade de fornecedores, facilidade logística (acesso a estradas e portos) e o momento nordestino.

“O Nordeste é apontado como a região que mais cresce na venda de veículos. Enquanto a venda de carros em São Paulo subiu 15%, e no Brasil cresceu 40%, Recife e Salvador cresceram 70%. Isso também foi um fator determinante, pois São Paulo está crescendo menos que o Brasil, e hoje lá você tem um mercado de substituição”, diz nota distribuída pela empresa.

A JAC deve investir R$ 1 bilhão numa fábrica de veículos de passeio e caminhões, com produção de 100 mil peças por ano. A expectativa é que 3.500 empregos sejam gerados quando a fábrica estiver em instalação.

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