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Ninguém nos governava

São impressionantes os fatos que emergem da administração pública no Maranhão após a derrocada do modelo político assinalado pelo grupo Sarney. E vamos nos situar apenas em alguns deles. O primeiro, a Refinaria Premium que, segundo cálculos, enterrou mais de R$ 1 bilhão num aterro ornado por uma pedra fundamental que, provavelmente, afundou. O ministro maranhense de Minas e Energias, Edison Lobão, o ex-presidente Lula, a presidente Dilma, a governadora Roseana Sarney, todos posando para um futuro que tinham quase certeza que não ia acontecer. Um terrível golpe do governo do Estado contra o povo do Maranhão.

E um colar de promessas que atraiu empreendedores ora falidos, deu esperanças de mais empregos e novas tecnologias à população para redundar num tremendo fiasco, se não num retumbante estelionato eleitoral. Refinaria Premium, a marca de um governo que se especializou em colecionar fracassos, produzir engodos, distribuir incertezas. Nenhuma providência para resolver a questão da extrema pobreza no Estado, nenhum sinal mais forte de real preocupação com os terríveis indicadores sociais do Maranhão. O último governo nasceu de um indesmentível golpe judiciário e morreu sob a mira da Polícia Federal. NInguém assim tem apetite para governar.

Deparamos, agora, com uma bolha financeira cansada e insaciável na Caema, que produziu nessa companhia de saneamento uma dívida de R$ 750 milhões. São Luis só trata 5% do esgoto que produz e tamanho descalabro só nos parece possível onde não haja governo e olha que essa gente estava assentada no poder tinham quase 50 anos. A única conclusão plausível é que ninguém nos governava. Nem mesmo a revitalização do Italuis foi possível nesses anos todos e, conforme dados do Atlas de Desenvolvimento Humano (Pnud) 2013, metade da população maranhense vive em casas sem água encanada e sem banheiro. Se havia, de fato, um poder público por aqui, o que estava fazendo?

Também deixaram de herança uma situação terrível na educação. Escolas de palha, de taipa, sem professores, carentes de material escolar e por aí vai. Cinquenta anos de governo e não conseguiram administrar, essa é a realidade. Com o passar do tempo, o governo se terceirizou aos parentes, aderentes e apaniguados e permitiu a abertura de uma broca sem fundo nos cofres públicos. O temor de ficar fora do poder criou um sistema que engolfava todas as formas de políticas públicas, posto que seu único objeto era a vitória eleitoral. Esse desprezível sistema ensinou o abuso de poder político e econômico, ensinou a fraude, a corrupção, a cooptação, mas não ensinou a administrar.

Ninguém nos governava. Não do ponto de vista das relações interinstitucionais porque, somadas todas as adversidades, o Maranhão, além de não conhecer o desenvolvimento, se tornou o estado mais pobre do Brasil – e pobre de todas as pobrezas que um povo pode suportar. (Editorial do JP)

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