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Não há necessidade de impeachment. Dilma não governa

REYNALDO ROCHA

Como são tempos politicamente corretos, devemos tomar cuidados com as palavras. Sendo assim, jamais usaria a expressão “samba do crioulo doido” para qualificar os atos do governo federal. É melhor “samba do afrodescendente com diminuição da capacidade de entendimento derivado de estágio mental”.

São apenas constatações. A mais evidente é que o verdadeiro presidente do Brasil é Eduardo Cunha. Sem atravessar fisicamente a Praça dos Três Poderes, trocou a cadeira de presidente da Câmara pela cadeira da co-presidente Dilma. Cunha e o PMDB fazem do governo o que, quando, como e com quem querem.

Nesta segunda-feira, Dilma anunciou, como um agrado ao PMDB, a transferência do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, para a Secretaria de Relações Institucionais. Só esqueceu de pedir a benção do segundo chefe, Eduardo Cunha (o primeiro, obviamente, é Lula). Que vetou a mudança.

Só no governo Dilma um ministro se recusa a assumir um cargo mais relevante. Neste presidencialismo torto, ela conseguiu ter o desprezo até de um Congresso que jura apoiá-la.

Dilma deveria saber. Foi ela quem escolheu o PMDB (de Temer, Renan, Eduardo Cunha e Newton Cardoso, fora o resto). A cada dia, sofre nova humilhação. Para ela, não basta perder o poder. Faz questão de demonstrar que perdeu.

Nesta terça-feira, a CUT protestou na frente do prédio do Congresso, com o apoio do PT, contra a extinção de direitos trabalhistas – proposta pelo próprio governo – e, para compensar a desfeita, contra o impeachment. O descompasso é tamanho que o PT e a CUT tentam debitar na conta do PMDB o que é obra do Palácio do Planalto. O distanciamento do lulopetismo da realidade e a tentativa incessante de reescrever a história levam a este cenário que seria cômico se não fosse trágico.

Não há necessidade de impeachment. Dilma não governa mais o Brasil.

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