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“Mulheres Ricas”: seria cômico, se não fosse trágico

Por Renato Kramer

O reality “Mulheres Ricas”, que estreou ontem na Band, tinha tudo para ser divertido, no mínimo pitoresco, mas escorregou um pouco para o patético. Ficou difícil entender por que mulheres tão bem resolvidas financeiramente se prestaram à tal exposição.

As cinco participantes foram escolhidas a dedo. A empresária Val Marchiori, que ao escolher o seu novo avião (avaliado em trinta milhões de reais), declarou: “é tão bom fazer comprinhas, né?”. A arquiteta Brunete Fraccaroli, que por sua vez confessou: “eu não poderia viver sem tomar água Perrier todos os dias”. A joalheira Lydia Leão Sayeg, que decretou convicta: “eu acho que todo o mundo tem que almejar ser rico”. A ‘socialite’ carioca Narcisa Tamborindegui, que afirmou com serenidade “eu não sou uma pessoa normal…assim, como eu deveria ser”. E a piloto de Fórmula Truck, Débora Rodrigues, que pareceu a mais centrada de todas: “comigo não tem esse negócio de champanhe às dez da manhã”.

O que as pessoas fazem com o seu dinheiro é um direito delas e só delas. Ninguém tem nada a ver com isso. Desde que elas não venham arrostar as suas extravagâncias em rede nacional. Aí as pessoas vão, sim, se achar no direito de julgar. E lembrar da desigualdade social, etcétera e tal. Muito provavelmente todas elas têm algum belo trabalho benemerente. Mas, talvez pela tensão de ser o primeiro episódio, o que podia até ser curioso, pareceu um tanto arrogante.

Divulgação/Band

“Sou apresentadora, mãe, empresária e… linda, né? Sou loira, alta e magra!”, foi como se apresentou Val Marchiori. Claro que temos que nos lembrar que havia uma câmera filmando tudo. Dificilmente vamos saber ao certo o que é personagem e o que é real. Como “personagem”, Val foi quem se destacou. Já que era pra esnobar, ela chutou o balde!

“Eu nasci numa cidadezinha pequena do interior onde eu tinha tudo pra casar, ter filho, ficar gorda e feia!”, continua Val sem transparecer nenhum receio do politicamente incorreto. E seguiu soltando o verbo: “ter um cabeleireiro exclusivo pra mim é uma conquista, eu não saberia viver sem o Dudinha”. Duda Martins (24), o maquiador e cabeleireiro ‘full time’ de Val Marchiori, acompanhou a empresária durante toda a gravação. Nem uma peruca Kanekalon fio sintético permaneceria tão intacto quanto o seu penteado. Extravagâncias à parte, o seu figurino esteve impecável. “Chanel… é o que eu mais gosto… é mais caro, mas fazer o quê?!”, arremata Val.

“Onde foi que você botou a minha Barbie?!”, queixou-se Brunete Fraccaroli fazendo beicinho, num estilo “Baby Jane”. Ronaldo, o seu assistente, procurava a boneca feita em homenagem à arquiteta e não havia jeito de achar. Quando ele a trouxe, Brunete, ainda ‘de mal’, reclamou: “Tá faltando um sapatinho… depois eu quero o sapatinho dela!”. Mais tarde, Brunete foi fotografada ao lado de sua Barbie, vestida igualzinha, para a capa de uma revista de design.

“A minha casa é blindada… eu sou uma mulher blindada!”, afirmou categórica Lydia Sayeg ao explicar sua paranoia com segurança. “O rico tem que gastar. Se o rico não gastar, o dinheiro não gira, e se o dinheiro não girar o menos favorecido não ganha”, argumentou ela. “Eu aluguei uma Ferrari pro meu marido dar uma voltinha, isso é extravagância?! Sei lá, é o nosso dia a dia”, conjeturou a joalheira. “Ser rico é uma bênção! Dinheiro é maravilhoso, venha, por favor, mais!”, concluiu.

“Eu sou muito expansiva, muito dada, muito levada”, confessou Narcisa Tamborindegui. “Minha família é de origem muito boa, muito digna, muito ‘rafinada'”, completa ela. O namorado, o jornalista Guilherme Fiuza, declara: “ela é magnética, simpática, sensual…sensacional!”.

Nesse meio tempo, Brunete Fraccaroli vai até a casa de Débora Rodrigues, que no programa apareceu coordenando a vida de sua família com pulso firme e sensatez. Ainda no carro, Brunete vê uma casa que lhe chama a atenção pelo espalhafato e comenta com sua assistente: “Olha essa casa turquesa, Carol!” “Nossa, chocante, hein?! Tá até brilhando… nossa, Brunete, é o número!” Brunete num suspiro: “Fala sério, Carol!” Era a casa de Débora Rodrigues.

Para o próximo episódio poderá haver ‘barraco na aristocracia’. Débora não vai ao passeio de lancha com as meninas. Val, com os seus longos cabelos louros intactos ao vento, dispara: “coisa de caminhoneira!”. Pode vir chumbo grosso por aí!

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