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Mistério em Pedrinhas

Já se arrasta há tanto tempo o caos no Sistema Penitenciário do Estado que cabe desconfiar dos reais interesses que se colidem por trás dos muros da Penitenciária de Pedrinhas. Talvez não seja apenas a disputa entre facções criminosas o que na verdade alimenta a violência diabólica que ferve as temperaturas incontroláveis naquele ‘Caldeirão do Diabo’. Nem se pode mais ter certeza se é uma crise consumada de dentro dos muros para fora ou de fora dos muros para dentro.

Pode parecer estranho dizer isso; porém, mais estranho ainda é que nada ali detém o inacreditável nível de execuções que se perpetua, apesar das transferências dos chefões do crime organizado para prisões federais, apesar da presença da Guarda Nacional e da Polícia Militar do Maranhão, apesar do concurso de novos agentes penitenciários. E é ainda mais suspeito que nos últimos dias as execuções tenham extrapolado os limites dos presídios para se sitiar na via pública, como no caso da morte do ex-candidato a vereador ‘Laranjeiro’, executado a tiros em frente ao Hiper Bom Preço do São Francisco.

Motins, quebra-quebras, fugas e assassinatos em Pedrinhas são praticamente facultados, como se não houvesse nenhuma vigilância sobre os detentos ou se uma coordenação paralela, desconhecida da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária e interessada em desmoralizar o governo, agisse à sombra, estimulada por gente poderosa que os serviços de inteligência não conseguem ou preferem não identificar.

E que ninguém se espante, pois não seria a primeira vez na história dos presídios que o crime estaria macomunado com interesses menos visíveis, inclusive políticos, para, por exemplo, derrubar secretários de suas pastas e coordenadores de seus cargos, privilegiar esta ou aquela facção dentro das penitenciárias, colocar em xeque a administração de um governante.

Sendo estas, porém, apenas especulações e dúvidas de quem se sente assustado e confuso diante do que acontece no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, é preciso dizer que tais possibilidades não podem ser descartadas, posto que Pedrinhas, nos dias de hoje, transcende toda e qualquer faixa da normalidade. É como se o poder do crime organizado, livre ou trancafiado, emparelhasse com o poder de polícia conferido ao Estado.

A suspeita ontem levantada pelo Jornal Pequeno, de que funcionários de empresas responsáveis pela administração do presídio são sabedores de que vão matar mais gente, reforça ainda mais a tese de que todo esse horror em Pedrinhas pode ter sido planejado. E se assim for, ou descobrem com a maior urgência possível os autores intelectuais ou todos nós estaremos nas mãos de Deus.

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