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Mausoléu de Sarney passa a ser financiado pelo povo do Maranhão

“E por essa razão acho que cabe a nós, que defendemos os interesses do povo do Maranhão, levantar a voz para questionar esses métodos. O que leva alguém a ostentar a sua própria memória como referência da história de um povo? O que leva alguém a crer que o povo vai esquecer da verdadeira história para ostentar uma biografia que não existe?”, questionou o deputado estadual Bira do Pindaré (PT) durante votação, na Assembleia Legislativa do Maranhão, na manhã desta terça-feira (10), do Projeto de Lei que objetiva estatizar a Fundação José Sarney, localizada no Convento das Mercês.

Para o petista, a Fundação foi criada apenas para reverenciar o nome senador José Sarney, em um culto ao personalismo absurdo e abominável. O parlamentar lamentou o fato de no Maranhão as leis e os interesses do povo serem esquecidas para ostentar interesses particulares.

“E mais uma vez isso se reforça com essa iniciativa, que estatiza o Convento das Mercês, estatiza esse Centro que é chamado de Memória Republicana, que nada mais é e nada mais servirá do que para referenciar a figura do ex-presidente José Sarney. É uma afronta aos sentimentos mais sublimes da democracia e do respeito em relação aos princípios que devem nortear o tratamento da coisa pública”, protestou Bira.

Em aparte, o deputado Othelino Neto (PPS) concordou com o posicionamento do petista e acrescentou que este assunto voltou a Casa legislativa para mais uma vez constranger o povo do Maranhão.

“Não vamos entrar no mérito do que representa esse mando político por 50 anos, mas só o fato em si do culto da personalidade, da vaidade excessiva de submeter esta Casa ou o Maranhão de novo a essa discussão constrangedora, que já devia ter ficado no passado, é realmente de se lamentar. Estamos arriscando de novo virar notícia na grande imprensa, porque estamos atentando contra a inteligência do brasileiro”, frisou Othelino.

Já o deputado Hélio Soares (PP), admitindo os quase 60 anos do poder nas mãos da oligarquia Sarney afirmou que, ele tem apoiado ao longo de sua trajetória política, todos os presidentes, o que inclui o período da Ditadura Militar. “Só ele [Sarney] ter ficado apoiando todos os ex-presidentes, todos os presidentes que ele acompanhou por mais de 50 anos, isso é uma grandeza imensurável” desabafou ele.

Bira finalizou a discussão do projeto dizendo que não entende porque Sarney acha que está acima da população, uma vez que usando o dinheiro do povo quer ser enterrado no mausoléu que ele mandou construir dentro do Convento das Mercês. “Quando era ditadura militar, ele estava do lado da ditadura militar, que aliás foi quem o elegeu governador do Maranhão, foi a ditadura militar. Quando na sucessão depois que ele exerceu o seu Governo eleito pelo voto indireto do Congresso Nacional, ele apoiou Collor de Melo, apoiou Itamar Franco, apoiou Fernando Henrique Cardoso. E dizer então, deputado Hélio, que o que V. Exa chama de grandeza, eu chamo de oportunismo”, concluiu o petista.

A mesa diretora da Assembleia declarou aberta a votação. O deputado Marcelo Tavares (PSB) criticou a ausência do Secretário de Educação para explicar quantos e como seriam os gastos públicos destinados à Fundação José Sarney. Justificou que pela falta de transparência, a oposição votaria contra a aprovação.

O Projeto foi aprovado contra o voto dos deputados Luciano Genésio (PC do B), Othelino Neto (PPS), Marcelo Tavares (PSB), Bira do Pindaré (PT), Cleide Coutinho (PSB) e Gardênia Castelo (PSDB).

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