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31 mil sepulturas de cemitérios da capital estão abandonadas

JAZIGOS ESQUECIDOS

Uma das consequências do abandono dos túmulos é que atualmente não há vagas para novos sepultamentos nos cemitérios públicos da capital maranhense, localizados nos bairros Madre Deus (Gavião), Vila Embratel, Vila Maranhão, São Cristóvão, Santa Bárbara, São Raimundo (área do Anjo da Guarda), Maracanã, Tibiri e Turu

Por NELSON MELO E OSWALDO VIVIANI (JP)

Pelo menos 60% das sepulturas dos cemitérios públicos existentes em São Luís estão abandonadas. Isso representa 31.380 jazigos, do total de 52.300 existentes nos nove cemitérios públicos da capital maranhense. A informação foi repassada ao Jornal Pequeno pela Empreendimentos São Marcos Ltda., empresa terceirizada pela Prefeitura para administrar os cemitérios.

Maria Helena Damus Estrela, dona da São Marcos, explicou ao JP que isso acontece pela falta de pagamento da taxa de manutenção dos jazigos e pelos agentes físicos (vento, poeira, calor, umidade etc.).

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Uma das consequências do abandono dos túmulos é que atualmente não há vagas para novos sepultamentos nos cemitérios públicos da capital maranhense, localizados nos bairros Madre Deus (Gavião), Vila Embratel, Vila Maranhão, São Cristóvão, Santa Bárbara, São Raimundo (área do Anjo da Guarda), Maracanã, Tibiri e Turu.

No cemitério do Gavião, por exemplo, dos 17 mil jazigos, 10.200 estão em péssimo estado de conservação, devido ao abandono das famílias.

No Anjo da Guarda – construído há mais de 50 anos –, são 1.200 túmulos arruinados, dos 2 mil existentes.

Lá, a estrutura apresenta desgaste pela ação do tempo, como ocorre no Gavião (cemitério mais antigo da capital, surgido em 1855), com tijolos expostos e quebrados, em algumas das sepulturas.

No cemitério da Vila Embratel (mais novo, de 2000), que possui cerca de mil túmulos, o descaso por parte dos familiares com seus entes queridos é ainda mais grave, uma vez que o mato cobre boa parte dos túmulos durante quase todo o ano.

A aparência só melhora um pouco nesta época, com o feriado de Finados, devido ao trabalho de funcionários, que fazem um “bico” – serviço extra pago pelos parentes – na manutenção dos túmulos.

A administradora Maria Helena fez questão de frisar que a conservação do espaço em que estão enterrados os mortos é de responsabilidade dos parentes.

Aos proprietários e locatários das sepulturas, cobra-se uma taxa mensal de R$ 73, para serviços de carpina, varrição, atendimento e sepultamento. “No próprio contrato, tem uma cláusula que destaca o que digo”, enfatizou Maria Helena.

De acordo com a administradora, uma lei municipal de 2010 determina que, passados 10 anos do abandono dos jazigos, a estrutura pode ser reutilizada.

“No Gavião, por exemplo, existe um jazigo abandonado há mais de 40 anos pela família”, disse Maria Helena.

Porém, em certos casos, os túmulos, apesar de não conservados, não são ocupados por outro corpo, por questões afetivas, estéticas ou por ser tombado.

Ademais, há situações em que o titular compra o patrimônio – forma denominada de “reconduzido”, na qual o aluguel da sepultura se estende por cinco anos.

A fim de solucionar o problema dos jazigos abandonados, os familiares de pessoas sepultadas nesses locais estão sendo convocados para se comprometerem efetivamente pela conservação dos jazigos.

Avisos foram afixados nos túmulos abandonados, para que compareçam à sede da Empreendimentos São Marcos, localizada no Cemitério do Gavião, para regularizarem sua situação.

“Os familiares dos mortos em geral só se preocupam com a conservação dos túmulos quando se aproxima o Dia de Finados, quando o ideal seria que essa preocupação fosse frequente”, afirmou Maria Helena.

‘CLANDESTINOS’ – Para a administradora, a falta de novos espaços para sepultamentos na capital está criando uma situação de completa ilegalidade: os cemitérios “clandestinos”, que se instalam em bairros populosos sem qualquer autorização do poder público.

O JP apurou que ao menos três desses cemitérios irregulares funcionam na Grande São Luís: no Maiobão, no Vinhais (não se trata do Parque da Saudade, que é particular e regularizado) e no Araçagi.

Em 2011, Maria Helena Estrela enviou um ofício à Prefeitura de São Luís – então sob a gestão João Castelo –, informando da necessidade da criação de novos espaços para sepulturas na capital. À época, como hoje, existia um “congestionamento” de sepulturas: eram necessárias pelo menos 20 mil novas vagas.

No mesmo ofício enviado à Prefeitura, foi informado que havia a possibilidade de expansão dos seguintes cemitérios: Tibiri, Maracanã, São Cristóvão e Turu. “No entanto, nenhuma medida foi tomada pelo poder público desde então”, afirmou Maria Helena.

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