Da Folha de São Paulo

Com o processo contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em curso, o senador Lobão Filho (PMDB-MA) pediu nesta quarta-feira (30) para deixar o Conselho de Ética do Senado. O peemedebista alegou problemas de agenda para deixar o colegiado, num ato interpretado por parlamentares como estratégia para não ter que enfrentar o desgaste de votar no caso Demóstenes.

Nos bastidores, Lobão Filho era um dos poucos integrantes do conselho que admitia votar pela absolvição do ex-líder do DEM. Depois de recusar a relatoria do processo contra o senador, apresentou ao conselho requerimento em que pede a transcrição de todos os áudios das Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

Técnicos do Senado acreditam que a transcrição dos áudios poderia levar até seis meses, o que beneficiaria Demóstenes deixando para o segundo semestre a conclusão do processo pelo conselho.

O relator, senador Humberto Costa (PT-PE), quer concluí-lo em junho para ser votado no plenário em julho –já que no segundo semestre a Casa estará esvaziada em consequência das eleições municipais.

Com a saída de Lobão Filho, o presidente do conselho, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), disse que o requerimento ficará automaticamente prejudicado.

Lobão Filho será substituído pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Eunício era suplente da comissão. A vaga de suplência passa a ser ocupada pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR).

Por meio de assessores, Lobão Filho disse que o motivo de sua saída é a incompatibilidade de horários das reuniões do conselho, simultâneas às da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), da qual é vice-presidente.