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Lava Jato teve impacto no recuo do PIB, avaliam economistas

Logotipo da Petrobras é visto em frente à sede da empresa em São Paulo - 23/04/2015

Veja – Com as incertezas em relação à retomada do crescimento econômico, os investimentos caíram 1,3% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses 2014. Trata-se da sétima queda consecutiva do indicador que integra o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com igual período do ano passado, a queda foi ainda mais acentuada, de 7,8%.

O principal responsável por esse resultado negativo é o sentimento de desconfiança do empresariado, que quer a garantia de que seus negócios terão retorno. Parte dessa insegurança é reflexo dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que, ao investigar um esquema de corrupção bilionário na Petrobras, ajudou a paralisar as maiores empreiteiras do Brasil. Cerca de 5% do PIB corresponde aos negócios da petroleira e das companhias alvos da Lava Jato, o que é “bastante significativo”, diz a economista da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

“Os investimentos da Petrobras representam cerca de 1% a 2% do PIB e de 8% a 9% da Formação Bruta de Capital Fixo. E aí você calcula: a Petrobras declinou os seus aportes em 40%, sendo que representa 9% de todos os investimentos. Só isso já explica grande parte da redução. Ainda tem os grandes grupos nacionais que reduziram os seus aportes por força dos eventos da Lava Jato”, avaliou o economista e sócio da GO Associados, Gesner de Oliveira.

Além disso, os analistas também chamaram a atenção para a ameaça de falta de água e apagão que rondou a economia no início do ano, o que também impactou o nível de confiança dos executivos. “Foi um período crítico. Tudo isso exacerbou as expectativas pessimistas e, consequentemente, refletiu nos investimentos”, afirmou Oliveira.

Para os economistas, o recuo de 0,2% do PIB no primeiro trimestre deste ano deixou claro algumas tendências que vinham se desenhando desde o ano passado. A principal delas é que o modelo de desenvolvimento econômico baseado no consumo se esgotou: a despesa das famílias registrou a primeira queda em doze anos e o setor de serviços apresentou o pior desempenho da série histórica iniciada em 1996.

Outro ponto que teve bastante peso foi a crise generalizada da indústria. Com os estoques cheios e a demanda cada vez mais escassa, o PIB industrial registrou queda de 7% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2014. Para os especialistas, é “natural” que os empresários segurem o investimento nessa área, que tem apresentado sucessivos resultados negativos. “O investimento está apanhando muito por causa dessa crise. É difícil imaginar uma melhora para os próximos meses”, disse Alessandra.

Tendo em vista que o consumo só tende a piorar em um ano de ajuste fiscal, de inflação e juros elevados, os investimentos surgem como uma das únicas alternativas para por a economia brasileira de volta nos trilhos. Não é à toa que o governo federal celebrou o anúncio da vinda de investimentos da China neste mês. “É preciso criar um ambiente propício aos negócios, estimulando o pacote de concessões para [obras de] infraestrutura, desburocratizando as parcerias público-privadas e criando regras estáveis. Para isso, é preciso começar a plantar as sementes agora para colhermos no ano que vem”, afirmou Oliveira.

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