Reconheça-se a capacidade divisionista da mídia ligada ao grupo Sarney em alimentar fuxicos, jogar uns contra os outros, multiplicar dissidências e jogar com as diferenças políticas pré-existentes na oposição. Se José Reinaldo e Roberto Rocha querem ser candidatos ao Senado, a pauta se estende até que se tornem inimigos irreconciliáveis.

Se Eliziane Gama está bem nas pesquisas, rapidamente inventam que ela é ou será vítima de perseguição do PCdoB e de Flávio Dino. Se o deputado Raimundo Cutrim anuncia sua filiação no PCdoB imediatamente inventam um coro de descontentes no partido e, maldosamente, aproveitam para afirmar que seu envolvimento na morte de Décio Sá ainda não está totalmente esclarecido.

Mas foi no jornal O Estado do Maranhão de ontem que extrapolaram todas as expectativas, ao afirmarem, no título de uma matéria, que Marcelo Tavares acusou Rubens Júnior de perseguição. E, reveja quem não quiser acreditar, perseguição ao governo. A ‘coisa’ foi habilmente colocada como se Marcelo quisesse tirar o corpo fora da interpelação judicial contra os ‘conveniantes’ do Palácio dos Leões e responsabilizar exclusivamente seu colega.

A tática de influir a todo custo nas divisões oposicionista é, no entanto, bem antiga. E o pior é que às vezes surte o efeito desejado, quando alguns que não resistem aos holofotes da mídia se apressam em conceder entrevistas aos repórteres do Sistema Mirante sem perceber suas reais intenções. E eles mesmos fazem questão de ‘queimar’ quem está nas linhas da oposição, insinuando que vão aderir ou fazem parte do grupo Sarney. Neste momento eleitoral estão fazendo isso com Eliziane Gama e com o PSDB.

Outro exemplo é o PED – o processo de eleição direta que acontece no PT. Preparam perguntas cujas respostas fatalmente vão redundar em agressões para que o partido permaneça dividido e irreconciliável. Conseguem. E a isso chamam jornalismo moderno.

(JM Cunha Santos)