Do linotipo e do clichê, ultrapassando, embora que ainda lentamente, as fronteiras das novas tecnologias, o Jornal Pequeno completa, hoje, 61 anos. Sexagenário, mas ainda jovem em suas propostas de priorizar a notícia e não escamotear a verdade, o Jornal Pequeno festeja uma história que se confunde com a própria história do Maranhão.

Os caminhos da economia, da política, da sociologia que o Estado atravessou na busca do desenvolvimento e do progresso foram acompanhados por mais de meio século por esse matutino que, idealizado pelo jornalista José de Ribamar Bogéa, inventou novos modos de tratar o dia a dia da população.

Da crítica acerba à sátira, o JP influiu em todos os movimentos políticos, sindicais e sociais que construíram esse Estado.

As novas gerações mal compreendem como era a vida e a convivência entre os poderes há 61 anos; mal conseguem entender como era a vida sem computadores, celulares, tablets, iPods; enfim, sem os espaços de conforto e resolutividade de que dispomos neste século.

Os 61 anos do Jornal Pequeno são o exemplo mais evidente de que o direito à liberdade de expressão é um direito de todos, todos os grupos e categorias sociais, cultivado em todas as épocas.

Atravessando dois séculos nestes 61 anos, ‘O órgão das multidões’ contribuiu, inclusive, para mudar as relações entre jornalismo e poder no Maranhão. E soube enfrentar o poder quando assim se fez necessário ou se tornou importante para as aspirações populares. Ribamar Bogéa soube perceber, antes de muitos, a necessidade de uma imprensa mais preocupada com a notícia que com as relações comerciais; mais dedicada à informação que ao confronto. E essa tese só viria a se confirmar depois que a província (São Luís) inaugurasse o jornalismo científico com o advento das faculdades de comunicação.

Nos dias de hoje, a comunicação abriu novas fronteiras, dominada pelas redes sociais, pelo jornalismo de opinião que retorna praticamente sem censura e pelas deformidades inerentes a esta, como a qualquer outra profissão. Aos 61 anos, o Jornal Pequeno, ainda jovem e ainda grande, enfrenta outros coronelismos, outras ditaduras, mas continua a cultuar a mesma liberdade que inaugurou há 61 anos.

Entre o século 20 e o século 21, muitas transformações de natureza técnica aconteceram, a televisão e o computador dominaram os meios de comunicação, mas o Jornal Pequeno permanece na condição de diário de notícias mais debatido em São Luís.