Depois de 12 anos sem ter um representante na Câmara Municipal, o PT de São Luís conseguiu eleger no pleito deste ano um vereador novamente. Com 38 anos, casado e pai de dois filhos, o empresário e analista de sistemas Honorato Leite Fernandes Filho obteve 3.664 votos de pessoas que confiaram a ele o mandato para lutar por melhores dias aos ludovicenses e na busca de benefícios à cidade.

Tendo como referência na política a sua mãe, a professora universitária e conhecida militante das causas sociais, Iêda Batista (umas das fundadoras do PT em nosso Estado), Honorato diz em entrevista concedida ao blog que seu mandato será marcado pela participação popular e dos companheiros de sigla.

Ao falar sobre seu partido, o PT, o vereador eleito reconhece a divisão interna que existe hoje na legenda. Questionado pelo blog sobre a participação do PT no governo Roseana Sarney, Honorato acha que a sigla poderia contribuir muito mais. “É muito pequena dentro do que realmente o PT poderia oferecer numa aliança. Eu quero adotar uma linha de poder conversar com todo mundo, isto faz parte da minha personalidade, manter o diálogo”.

Em relação à futura administração de Edivaldo Holanda Júnior na Prefeitura de São Luís, o vereador petista eleito acredita que a gestão do próximo prefeito tem tudo para fazer um bom trabalho. “Há um grupo de pessoas jovens que têm interesse realmente em fazer a diferença. Toda mudança tem pontos positivos e negativos. A nossa expectativa é que os frutos positivos sejam bem maiores”, afirma Honorato. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista.

Mandato vereador

Temos o entendimento de que este mandato não é do vereador eleito, Honorato. É um mandato que pertence ao Partido dos Trabalhadores e, sendo assim, pretendo seguir a linha do partido. Ao mesmo tempo, quero contar, igualmente, com a participação popular. Eu sempre fiz parte de grupos e este é um mandato coletivo. Neste sentido, construiremos um mandato com uma proposta da nossa campanha, a Caravana da Cidadania, que nada mais é do é do que criar meios, canais de discussão política dentro dos bairros, grupos temáticos com representantes de diversos segmentos da sociedade, como movimento negro, direito das mulheres, do idoso, dentre outros, para discutir temas importantes como a educação, violência doméstica, infância, adolescência. Quero mandar uma mensagem para os meus companheiros de partido dizendo que este mandato é do PT, de todos aqueles que participaram dessa luta e dos outros candidatos que, na soma de votos, deram a contribuição para elegermos um vereador do PT. No dia 1 de janeiro de 2013 completaria 12 anos que o PT não tinha representatividade no Legislativo municipal.

PT/MA

O PT é um partido forte no Brasil, com 32 anos de existência, mas no Maranhão realmente está para trás. As relações hoje são muito complexas, o partido muito dividido. A relação com o governo do Estado é fruto, digamos assim, de uma política nacional, uma aliança que foi colocada, PT e PMDB, desde a eleição do presidente Lula. Como parte de um grupo, o pessoal na época entendeu que tinha que seguir essa orientação. Acho que a relação no PT do Maranhão tem que ser de igualdade, quem quer ter parceria, estabelecer parcerias. A discussão que o partido tem vivido nesses últimos tempos é exatamente essa, até que ponto essa parceria com o governo está sendo saudável para o Partido dos Trabalhadores. Eu quero adotar uma linha de poder conversar com todo mundo, isto faz parte da minha personalidade, manter o diálogo. Acho que o partido tem que ter posição, não é ser oposição ou governo, é ter uma posição bem definida e que tem que ser construída pelo partido e seguida, independente de corrente A ou B.

PT no governo Roseana

A participação do PT no governo estadual é muito pequena, dentro do que realmente o PT poderia oferecer numa aliança. Você tem que procurar tirar dos aliados aquilo que eles têm de melhor e no PT tem muita coisa boa. O que, na minha visão, não está acontecendo. Acredito que o Partido dos Trabalhadores tem um peso, tem a sua importância, não só para agora, como para 2014 e o futuro. É uma discussão que temos que trazer para o partido, nós temos três deputados estaduais, um federal, um vereador agora em São Luís, instâncias como a executiva municipal, estadual e nós temos que trazer a militância para realmente avaliar toda essas relações, no âmbito municipal, estadual e também no federal. Não pode o tambor de cima bater e o tambor de baixo só seguir. Não sou nem contra e nem a favor, acho que a gente tem que definir uma posição como partido. O PT se dividiu ao ponto de deixar de estabelecer esse diálogo interno. O que precisa ser restabelecido.

2014

Ainda há muito tempo para 2014. Tem eleição do PED, uma discussão interna do partido, então é precipitado se definir qualquer relação agora. O processo de construção do entendimento por parte da militância do partido, esse, sim, tem que começar a ser discutido agora. É um projeto de partido, não é o poder pelo poder, mas sim o que fazer para promover a melhoria da qualidade de vida da população.

Relação com o prefeito eleito

Ficou claro, nessa eleição de 2012 para prefeito, que há um entendimento por parte da sociedade que é preciso ter mudança. E toda mudança tem pontos positivos e negativos. A nossa expectativa é que os frutos positivos sejam bem maiores, eu acho que esse governo vai ter que ter muita habilidade para estabelecer relações com o governo do Estado e com o governo federal, fundamental em uma capital de qualquer estado, para que ela possa desenvolver seus projetos. É preciso ter uma relação de cordialidade e principalmente, de respeito com a Câmara Municipal. Ali, foram eleitos 31 vereadores que representam mais de um milhão de pessoas, logo, tem um peso significativo, acho que essa relação vai ocorrer de forma muito natural e tranquila. Acredito que a gestão do próximo prefeito tem tudo para fazer um bom trabalho, pois há um grupo de pessoas jovens que tem interesse realmente em fazer a diferença. Agora não pode se perder no meio do caminho. Eu, como cidadão, espero que o prefeito eleito Edivaldo Holanda Júnior faça uma administração diferente, que pare para escutar a sociedade, que pare para dialogar.

Eleição Mesa Diretora

Acho que a gente tem que conversar com todo mundo. Acredito que o meu papel como vereador novato é entender o funcionamento da Casa, é estabelecer os contatos necessários para que nós, os 31 vereadores, possamos, em conjunto, discutir aquilo que é importante para o bom funcionamento do Legislativo. Entre estas questões, eu destacaria, de início, a valorização dos servidores, a questão da estrutura do prédio, a forma de se comunicar com a população e prestação de contas com a sociedade. Acredito que a eleição do próximo comando da Casa não pode ser uma disputa meramente pela eleição da Mesa. Quem ocupar a função de presidente, por exemplo, tem que falar com a sociedade, porque senão fica todo mundo achando que vereador ganha 50 mil reais e a realidade não é essa. Tem que ter meios de comunicação com a sociedade, é preciso divulgar melhora as ações da Câmara e isso está faltando na atual gestão. Isso é uma crítica construtiva que faço. Tem que ter uma proposta real, pragmatismo demais atrapalha. Não apenas uma discussão de nomes e sim qual a proposta e o que pretende fazer na próxima gestão.

Honorato

Sou um jovem de 38 anos, analista de sistemas, pai de dois filhos, casado. Sou filho de umas das fundadoras do PT em nosso Estado, Iêda Batista, professora universitária e conhecida militante das causas sociais. O meu interesse pela política e pela transformação da sociedade vem, portanto, de muito cedo e de dentro de casa. Acredito que a sociedade só vai melhorar no dia em que a gente entender que, se a grama do vizinho está mais verde, quem está do lado tem que estar nas mesmas condições ou melhor que você. Sou um jovem que pretendo dar a minha contribuição para a construção de uma cidade com mais justiça social e, acima de tudo, mais fraterna.