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Gurgel, Roseana e o Mensalão

Editorial JP, 29 de novembro

No fim, um dos paladinos do julgamento do Mensalão, o procurador geral da República Roberto Gurgel, revela-se um sepulcro caiado, sentado em cima do processo em que o ex-governador José Reinaldo Tavares pede a cassação da governadora Roseana Sarney por abuso de poder político e econômico. Tem, ele também, assim como os réus do Mensalão, dívidas com a Justiça, acusado que é, segundo o blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, por crimes de ordens constitucional, legal e funcional.

Gurgel foi alcançado pela CPI do Cachoeira e deveria ser submetido à Comissão de Constituição e Justiça do Senado por ações de prevaricação e improbidade administrativa. Ele nem é submetido à Comissão do Senado, nem dá o Parecer sobre o processo em que Roseana Sarney é acusada de assinar convênios no valor de 1 bilhão de reais. E o senador Sarney, pai de Roseana, é o presidente do Senado da República. Como disse o Dr. Peta, nada mais parecido com uma troca de favores.

No fim, a Justiça volta a nos humilhar com dúvidas sobre sua imparcialidade e correição. O julgamento de Roseana depende apenas do parecer de Gurgel, o mesmo procurador geral cujo parecer levou ao patíbulo do Supremo Tribunal Federal José Dirceu, José Genoíno e outros políticos acusados de envolvimento num esquema de compra de votos de parlamentares. E o julgamento do Mensalão soa na alma dos brasileiros como a redenção da Justiça, cujas decisões muitas das vezes mais têm confundido que punido. É inesquecível, por exemplo, a velha frase que diz que Justiça no Brasil só existe para negros e pobres.

Gurgel foi salvo pelo congo, posto que o relator da CPI do Cachoeira retirou do relatório final da investigação as acusações que pesavam contra o procurador. Sem isso, o relatório jamais seria aprovado, o que confirma todos os nossos temores de que o tráfico de influência, se pesa em meio à Justiça, pesa ainda mais nos meios políticos.

Não é de hoje que as relações pecaminosas entre o Poder Judiciário e o Poder Legislativo perturbam a convivência social no país. A própria cassação do ex-governador Jackson Lago pode ser um exemplo desse incesto entre os poderes. Se, para escapar da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o senhor procurador geral da República resolve retardar por mais de 100 dias a emissão de um Parecer, tudo o que ele disse com respeito aos réus do Mensalão cai em descrédito. Qualquer um pode pensar que ele agiu levado por interesses escusos o que esperamos todos que permaneça apenas como suspeita.

De qualquer modo, a forma atabalhoada e sob pressão como o nome do senhor Roberto Gurgel foi retirado do relatório da CPI do Cachoeira deve provocar reações dos réus do Mensalão e do PT. E ninguém duvide de que a proteção á governadora maranhense entrará na pauta dessas reações. Afinal, não era tão puro assim, o principal algoz de José Genoíno e José Dirceu.

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