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Flávio Dino tenta superar divisão da esquerda

O ano de 2022 ainda está longe, mas o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), tem um plano para chegar lá como um candidato de esquerda viável ao Palácio do Planalto: usar o argumento da conciliação a favor dos interesses da nação em detrimento das ambições individuais.

Deu certo com Lula em 2002, quando o petista apresentou sua versão “Paz e Amor”, naufragou com Marina Silva e as fracassadas tentativas de “superar a velha polarização que atrasa o Brasil” e, dificilmente, terá êxito com Ciro Gomes, pois Ciro não consegue se conciliar nem consigo mesmo.

No programa “Roda Viva”, da TV Cultura, Dino insistiu em se apresentar como um apaziguador, um político que “não impõe” agendas. Alguém capaz de agregar pessoas com visões mundos distintas, desde que democráticas. Se as esquerdas estão divididas, ele se oferece para construir as pontes necessárias para “uma frente ampla”.

Quase toda frase que profere é pontuada por palavras como “convergência”, “consenso”, “união”, “diálogo”, “aliança”. Afinal esse é o comunista que foi reeleito com o apoio do DEM e de outros 15 partidos.

Mesmo suas menções pontuais de passagens bíblicas denotam um certo cálculo de se fazer ouvir por um tipo de eleitor cada vez mais influente no Brasil: o conservador evangélico. Dino se diz católico apostólico romano.

Flávio Dino, no programa Roda Viva: "temos que retomar o verde amarelo" - Flávio Costa /  UOL

Antes mesmo de começar a ser questionado pela banca de jornalistas, Dino relembra uma ideia que lançou em 2014, quando havia derrotado o clã Sarney na disputa pelo Palácio dos Leões, em São Luís.

“Se o PT e o PSDB tivessem feito uma aliança, como eu disse há cinco anos aqui neste mesmo programa, o Brasil estaria em uma situação muito melhor hoje”.

Um correligionário que o acompanhou à TV Cultura disse ao UOL que o PT se aprisionou ao “Lula Livre”, apesar de, na visão dele, ser mais do que justa a luta pela soltura do ex-presidente.

Por sua vez, Dino defende o “Lula Livre” e diz, ao mesmo tempo, que a esquerda deve se aliar às vozes do centro para as quais a pauta está longe de ser prioritária. É por essa razão que ele aceita dialogar com seu adversário histórico, o ex-presidente José Sarney. E com FHC. E com Nelson Jobim.

A estratégia de Dino consiste também em nunca isolar o PT. “Os petistas aceitariam apoiar um outro presidenciável que não alguém de suas fileiras?”, um dos jornalistas pergunta.

O governador lança uma resposta esquiva: “Nós não podemos impor, de saída, que o PT abra mão de lançar seus quadros em várias eleições. Por outro lado, é claro, nós temos que buscar que haja uma pluralização dos porta-vozes do campo nacional-popular”.

Mesmo quando faz críticas a políticos da direita, Dino é enfático, porém evita ser personalista. Um exemplo é quando se refere ao colega do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e sua política de segurança pública que já levou à morte de cinco crianças.

“Todo governante que emite mensagens de uso de armas de modo ilimitado faz com que forças policiais se sintam autorizadas a agir de qualquer modo”.

A jornalista Daniela Lima, apresentadora do “Roda Viva” e colunista da F. de São Paulo, captou com precisão as intenções de Dino. “Vi um governador que defende suas teses de esquerda, mas com uma ‘roupa’ muito suave para tentar, talvez, não assustar o eleitor que nos últimos anos se mostrou desencantado com a esquerda e está buscando uma opção mais centrada”.

Ao UOL, Flávio Dino diz o óbvio: “não é hoje” pré-candidato à Presidência da República. Ao chamá-lo de “paraíba”, o presidente Jair Bolsonaro colocou o comunista no jogo. Inventou um adversário. Dino tenta construir “os sonhos de futuro”, afirma.

“Bolsonaro me fez esse favor de me colocar como alternativa para 2022, mas isso não para agora.” Por Flávio Costa do UOL, em São Paulo

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