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Flávio Dino, os primeiros passos

Por Nonato Reis

Dois fatos de relativa magnitude, um de natureza administrativa, outro de alcance político, marcaram o governo de Flávio Dino nestes 15 dias iniciais. O primeiro, a revogação de um decreto assinado no apagar das luzes do ano velho pelo então governador de plantão Arnaldo Melo, que permitia a desapropriação da comunidade de Cajueiro, localizada no interior da Ilha de São Luís. Cajueiro é um aglomerado de 350 famílias, distribuídas em quatro povoados. Entrou em 2015 sob ameaça de despejo, e chegou a ter algumas casas queimadas.

Na área, uma empresa planeja construir um terminal portuário. Com o decreto de Flávio Dino, revogando os efeitos do ato de Arnaldo Melo, espera-se que haja um reexame da situação e os direitos dos moradores sejam levados em consideração. Mas por que dou relevância a um evento aparentemente burocrático? Porque o vejo como um emblema da política deste governo para a área social. Espera-se que o Estado, finalmente, decida enfrentar uma das mais graves questões da Ilha de São Luís, que é a regularização fundiária.

Calcula-se que pelo menos um terço da população metropolitana não possua a devida regulamentação de seus imóveis. Habitam neles, pagam suas obrigações legais, mas não têm o título de propriedade, ou por um vácuo jurídico, que acomete as áreas consideradas terrenos de marinha, ou por falta de uma memória cartorial. Aproveitando-se desse lapso legal, espertalhões na posse de documentos de origem duvidosa, se apresentam como proprietários de terrenos habitados há dezenas de anos, promovendo insegurança, medo e tensão social.

O outro fato, que considero importante, é a visita do ex-chefe da Casa Civil, Luís Fernando Silva, ao Palácio dos Leões, atendendo a um convite formulado pelo governador. Já havia dito em artigos anteriores que Flávio Dino iniciaria o seu governo num cenário político de placidez, praticamente sem oposição. Até aqui o que sobrou do grupo Sarney não constitui um obstáculo, porque não tem sequer um ponto de convergência. Apenas Ricardo Murad tem esperneado ao seu modo sem, no entanto, causar preocupação.

O espólio do grupo Sarney, se é que podemos denominar assim, carece de uma liderança que possa agir como um vértice e reagrupar as peças soltas. Luís Fernando poderia ser esse elo no futuro com a aproximação de 2016. Sua visita ao Palácio dos Leões não sela uma união com Flávio Dino, mas abre caminho para uma aproximação concreta e mostra que entre ambos há mais sintonia do que dissensão.

A mídia contrária ao Palácio, sempre ávida por alardear a cizânia no grupo dinista, apressou-se em abrir os olhos do prefeito Edivaldo Junior sobre o que poderia ser uma conspiração contra o seu projeto de reeleição. Não vejo essa possibilidade. Pelo menos por enquanto. O compromisso de Flávio Dino é assegurar mais um mandato de prefeito para Edivaldo Junior, e para tanto tem tido o cuidado de afastar eventuais obstáculos. Eis por que trouxe para a sua equipe Bira do Pindaré e Neto Evangelista e fez com que os dois desistissem de concorrer em 2016.

Nesta premissa a aproximação com Luís Fernando, ao contrário do que imaginam os incautos, pode significar a eliminação de mais uma pedra no caminho do prefeito. Muito provavelmente Luís Fernando será candidato à prefeitura de Ribamar, com o apoio do governador Flávio Dino. Caso haja de fato um entendimento com o grupo dinista, Luís Fernando pode preparar um vôo mais alto em 2018, com a abertura de duas vagas ao Senado Federal. Como se vê, migrando ele só tem a ganhar.

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