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Familiares de homem morto que saiu de posto sem pagar contestam versão dada pela polícia

Por: Gabriela Saraiva (JP)

Familiares do pedreiro José de Ribamar Vieira Batista, de 45 anos, morto a tiros por policiais militares, durante uma perseguição policial, ocorrida na tarde da última segunda-feira, contestam a versão dada pela polícia. Para eles, as evidências não condizem com as explicações dadas pela PM.

Segundo informações de testemunhas, José de Ribamar Vieira Batista foi abastecer seu veículo, um Chevrolet Montana sem placas, e saiu do posto sem pagar. Os frentistas chamaram uma viatura da polícia que passava pela região naquele momento e os policiais começaram a perseguir o veículo. Durante a fuga, José Ribamar bateu em uma caçamba e depois foi alcançado pelos policiais, que dispararam cinco tiros em direção à vítima. Ele foi baleado no peito e foi socorrido pelos próprios PM’s e internado no hospital, que não resistiu aos ferimentos e morreu.

De acordo com Rafael dos Santos Batista, sobrinho da vítima, a família não acredita que José de Ribamar tenha saído do posto de combustível sem pagar, uma vez que eles possuem vários comprovantes de pagamentos feitos no local, com o cartão do próprio pedreiro, em menos de uma semana. ‘Os comprovantes mostram que o tanque estava cheio e não havia motivos para abastecer o carro, nesse valor de R$ 10’, disse Rafael, que ainda completou que o tio nunca havia sido preso, não bebia e nem fumava.

Os comprovantes apresentados pela família são datados nos dias 23 e 29 de outubro com os valores de R$ 53 e R$ 48, respectivamente. Conforme informou Rafael, seu tio estava apresentado há cerca de 10 dias um quadro de depressão, algo que não havia sentido antes, mas que é compreensivo em função de que seu pai, Raimundo Messias Mariano Batista, já possuir o mesmo problema.

A família ainda contesta a versão dada pela Polícia Militar de que o pedreiro teria sido atingido apenas com dois tiros no braço, uma vez que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) atesta que ele foi morto com cinco, sendo dois no peito, dois no abdômen, e um no braço. Segundo os parentes de José de Ribamar, a cópia do laudo ainda não foi liberada para a família, em função do feriado prolongado, mas o resultado foi mostrado para Luzia Vieira Batista, irmã da vítima, para que o corpo fosse liberado.

Conforme Hansmuler dos Santos Batista, também sobrinho do pedreiro, testemunhas do fato teriam lhe relatado que os policiais, identificados como cabo Jonielson Ribeiro Farias e soldado Silva Lima, da guarnição de moto do 6° Batalhão da Polícia Militar, teriam atirado inicialmente na porta do veículo usado por José de Ribamar, uma Saveiro de cor cinza e ainda sem placa, o que teria feito com que ele perdesse o controle e batesse em um muro, na Avenida Guajajaras, próximo a loja Potiguar.

Em seguida, o pedreiro teria acelerado o carro e os policiais dispararam contra três dos seus pneus para evitar que ele fugisse. Logo depois, eles teriam ordenado que José de Ribamar saísse do veículo.

‘No local, apuramos que meu tio, com medo, se recusou a sair do carro. Foi então que, segundo testemunhas, um dos policias se aproximou e efetuou cinco disparos com uma pistola ponto quarenta, quebrando o vidro que estava fechado. Depois disso, eles chamaram uma viatura e fugiram do local, sem prestar socorro. Meu tio foi levado para o hospital por essa viatura.’, contou Hansmuler dos Santos.

Segundo o sobrinho de José de Ribamar, as pessoas que viram o fato contaram que nenhuma ambulância foi para o local e que o pedreiro saiu de lá já sem vida.

‘Nós acreditamos que de fato foi isso que aconteceu, já que mesmo ele estando com todos os documentos, ninguém nos avisou. Ficamos sabendo depois que assistimos na televisão. Além disso, o hospital se negou a entregar para nós a ficha de entrada dele. Com certeza, tem muita coisa que está sendo omitida. O que sabemos é que alguma coisa aconteceu no posto e que meu tio foi perseguido pelos policias pela Avenida Lourenço Vieira da Silva até ser morto na Guajajaras’, declarou Hansmuler dos Santos.

A família do pedreiro informou que não vai deixar o fato impune. Eles já registram ocorrência na Delegacia Especial da Cidade Operária (Decop) e afirmaram que vão denunciar o caso ao Ministério Público.

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