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Esquema Cachoeira atuou também no caso Lunus

Do Brasil 247

Tucanos se agitam: querem saber se Carlos Cachoeira vai entregar, na CPMI, que foi também um dos autores da denúncia contra Roseana Sarney em 2002; José Serra é tido por muitos como o mentor intelectual do escândalo

247 – No início de 2002, o antigo PFL havia encomendado ao publicitário Nizan Guanaes que produzisse diversos filmes sobre Roseana Sarney. O resultado parecia promissor: a filha de José Sarney começava aparecer como alternativa real à sucessão de Fernando Henrique Cardoso. Assim como decolou, o balão de Roseana despencou. O motivo foi uma denúncia estampada nas páginas da revista Época, com fotos de uma pilha de dinheiro que havia sido apreendida na empresa Lunus, em São Luís do Maranhão. Neste domingo, surgiram indícios consistentes de que o esquema do bicheiro Carlos Cachoeira também agiu para implodir a candidatura Roseana. Tucanos graúdos têm agido nos bastidores para impedir que Cachoeira revele, na CPI, que sua equipe de arapongas participou dos grampos e dos filmes realizados contra Roseana.

Ao que tudo indica, o bicheiro Cachoeira foi o “agent provocateur” de vários escândalos recentes, como o caso Maurício Marinho, que deu origem ao mensalão, em 2005. O caso Lunus, três anos antes, até hoje é debitado na conta de José Serra, que foi candidato à presidência pelo PSDB e necessitava agir contra a candidatura própria do PFL – após o escândalo, o partido desistiu de lançar candidato e decidiu apoiar o tucano.

Lembrando: documentos apreendidos pela Polícia Federal na sexta feira 1º de março de 2002 em São Luís, no escritório da Lunus, reforçam as suspeitas de que ainda existe uma conexão entre a firma de Roseana Sarney, seu marido Jorge Murad e empresas campeãs de fraude da Sudam, como a Agrima – Agricultura e Pecuária Ltda e a Nova Holanda Agropecuária. Segundo a PF, “uma pasta traz farta documentação que pertence à Usimar Componentes Automotivos S/A, empresa criada em São Luís e financiada pela Sudam, mas que jamais saiu do papel. A Usimar (…) recebeu R$ 44 milhões e nunca comprovou a aplicação do financiamento para a montagem de uma fábrica de auto-peças”.

A PF apreendeu na sede da Lunus RS$ 1,34 milhão em nota de cinquenta reais, numa operação conjunta com a Abin.

Nos últimos cinco dias, gente graúda da tropa de elite de José Serra passou a telefonar, enlouquecidamente, para meia dúzia de policiais federais. A pergunta era uma só: a elite da “tchurma” ao entorno de Serra quer saber se Carlinhos Cachoeira vai de fato contar a verdade. Que é a seguinte, disseram esses policiais à reportagem do 247: Carlinhos Cachoeira teria trabalhado o vazamento do caso Lunus não só para o PSDB serrista, como também para ao PT. Ou seja: uma aliança kafkiana e de ocasião, entre inimigos os figadais do PT e PSDB, foi fundida para pulverizar Roseana Sarney.

O PSDB não tem medo que Cachoeira entregue os tucanos: mas torce para que o bicheiro entregue os petistas no caso Lunus. E quem teria passado os grampos da Abin , contra Roseana, para ambos os partidos? O mesmo sargento Dadá, que atuou na Satiagraha e agora está preso por ser o homem de confiança de Cachoeira no mundo da espionagem.

Só para lembrar: o repórter que deu o furo do caso Lunus nasceu em Goiás e tinha Carlos Cachoeira como fonte.

Publicamente, o caso Lunus faz parte do carma negativo da carreira política de José Serra. Mas a tese de que Cachoeira tenha produzido os filmes e tentado negociá-los para PT e PSDB não é improvável. Em agosto de 2010, em entrevista ao matutino O Estado de S. Paulo, o sindicalista Wagner Chinchetto revelou que o caso Lunus foi plantado na mídia pelo PT.

Confira a reportagem:

“Antigos companheiros do presidente Lula formaram um núcleo de arapongagem em 2002 para espionar e promover ataques a adversários do petista que, na ocasião, disputava pela quarta vez consecutiva o Palácio do Planalto. A denúncia é do sindicalista Wagner Cinchetto.

Ele afirma ter integrado o grupo que teria como principal estratégia atribuir à campanha de José Serra (PSDB) a autoria de ações clandestinas.

Uma dessas investidas, afirmou Cinchetto à revista Veja, foi a polêmica operação da Polícia Federal que, naquele ano, recolheu na sede da empresa Lunus R$ 1,34 milhão, dinheiro vivo e sem origem declarada que seria do caixa 2 da campanha de Roseana Sarney (PMDB), hoje governadora do Maranhão e então pré- candidata à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

“O Lula sabia do núcleo e deu autorização”, afirma Cinchetto. “Tinha um plano para detonar a campanha da Roseana”, disse ele ao Estado, ontem. “A gente tinha uma pessoa infiltrada na operação Lunus. Orientamos para ligar ao Palácio do Planalto para dizer que tinha dado tudo certo. Ficou a impressão digital do Serra. Quando a Roseana atacou o Serra o grupo festejou, teve comemoração. O PT estava nessa. Todo mundo acha que os tucanos planejaram.”

O sindicalista conta que “quem dava a palavra final às vezes eram o Berzoini (Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT) e o Luiz Marinho (prefeito de São Bernardo do Campo)”. “Quando a gente precisava de dinheiro falava com o Carlos Alberto Grana, tesoureiro da CUT, ou com o Marinho e o Bargas (Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho).”

Cinchetto relata que o grupo trabalhou para inviabilizar as candidaturas de Anthony Garotinho (PDT) e de Ciro Gomes. “O Ciro era um dos favoritos. Centramos em seu ponto mais fraco que era o vice da chapa, o Paulinho da Força. Eu trabalhava para a CUT e já tinha preparado dossiê sobre o Paulinho, trabalho de profissional. Fotografamos até uma fazenda do Paulinho. A candidatura do Ciro foi minando. O Ciro achava que era coisa dos tucanos, do pessoal do Serra.”

“Quero ver se eles têm coragem de desmentir, quero ver se o Lula desmente”, desafia Cinchetto. “Estou fazendo isso porque achava que o Lula ia fazer uma operação mãos limpas no sindicalismo, mandasse investigar corrupção nos sindicatos. Mas esse bando convenceu o Lula a não fazer nada. Eles dobraram o Lula. Estou só cobrando uma fatura, é a minha contraparte. Não trabalhei por dinheiro, o objetivo era limpar a bandidagem dos sindicatos.”

Ele disse que um ex-integrante do núcleo ligou depois para ameaça-lo de processo. “Eles não vão por coleira em mim”, rechaça Cinchetto. “Podem vir para cima. O que falei é 10% do que tenho na mão.”

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