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Em editorial, Estadão critica “filhocracia” no governo Bolsonaro

O episódio recente em que o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), chamou, pelo Twitter, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, de mentiroso foi tema do editorial do Estadão desta sexta-feira, 15.

No texto, o jornal critica o que chamou de “filhocracia”: “O presidente da República é formalmente Jair Bolsonaro, mas parece que não é ele quem exerce o poder de fato, e sim seus filhos”.

Para o Estadão, o poder de Carlos ficou evidente neste episódio, que teve ainda um ingrediente a mais, quando o próprio Jair Bolsonaro (ou quem comanda suas redes) retweetou a publicação do filho.

“É constrangedor que um presidente da República se comporte dessa maneira. Um chefe de governo cônscio de seu papel institucional teria simplesmente demitido seu ministro, sem transformar a crise num espetáculo online”, prossegue o texto.

Em outro editorial, o Estadão também criticou o uso excessivo pelo presidente Bolsonaro das redes sociais como meio de comunicação oficial, inclusive de decisões importantes. “Como já alertamos neste espaço, governar não é tuitar – e o Twitter não é o Diário Oficial, onde se publicam as decisões administrativas do governo”.

O texto aponta ainda que “ficou claro que Bolsonaro pai não hesitará em queimar publicamente quem quer que ouse contrariar qualquer um de seus filhos, mesmo um dos mais leais assessores do presidente, como Bebianno”.

O Estadão afirma que a situação “é um preocupante indicativo da desarticulação do governo às vésperas de apresentar ao Congresso sua proposta de reforma da Previdência”.

Por fim, o editorial conclui que, em pouco mais de 40 dias, o governo “parece precocemente envelhecido, consumido por lutas internas que, como num reality show, podem ser acompanhadas ao vivo pelas redes sociais”.

Leia aqui:

“O presidente da República é formalmente Jair Bolsonaro, mas parece que não é ele quem exerce o poder de fato, e sim seus filhos.

O episódio em que Carlos Bolsonaro levou à execração pública um ministro de Estado deixou claro quem é que tem autoridade no Executivo – gente que pretende governar sem ter recebido um único voto para isso e que, por sua condição familiar, naturalmente tem sobre o presidente mais influência do que qualquer outro ministro, provavelmente mesmo aqueles qualificados de ‘superministros’. É lícito supor que, em momentos de crise – e o que não falta nesse governo recém-inaugurado é crise –, será aos filhos que Jair Bolsonaro dará ouvidos, e não a seus auxiliares. É a ‘filhocracia’ instalada de vez no Palácio do Planalto (…).

É constrangedor que um presidente da República se comporte dessa maneira. Um chefe de governo cônscio de seu papel institucional teria simplesmente demitido seu ministro, sem transformar a crise num espetáculo online. Mais importante que isso, porém, é o fato de que Bolsonaro parece tratar assuntos de Estado como se fossem problemas domésticos (…).

Jair não é bom pai. Não soube ensinar a seus filhos os limites de comportamento que devem respeitar. E os meninos não são bons filhos. Não percebem que, agindo trefegamente, podem comprometer a Presidência do pai.”

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