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Em apuros, Roseana contrata ‘protetor dos poderosos’

DEFESA MILIONÁRIA

Em mais de 30 anos de profissão, Antonio Carlos ‘Kakay’ – cujo valor dos honorários nunca fica abaixo dos seis dígitos – exibe em seu portfólio a defesa de dois ex-presidentes da República, 40 governadores, dezenas de parlamentares e uma penca de ministros

OSWALDO VIVIANI

Em apuros após delação do doleiro Youssef, Roseana contrata ‘protetor dos poderosos’

O depoimento da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, prestado em 24 de novembro à Polícia Federal do Paraná, que vazou para a imprensa na terça-feira (27), deixou, como se previa, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) – que curte férias na Flórida (EUA) – em apuros.

No depoimento, Youssef confirmou o que sua contadora Meire Bonfim Poza e o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, já haviam dito à PF: que o governo Roseana, por meio do então secretário da Casa Civil, João Guilherme Abreu, recebeu propina para fazer um precatório de R$ 113 milhões, das construtoras UTC e Constran, “furar a fila” e começar a ser pago antes do tempo previsto.

Com a Operação Lava Jato, da PF, já batendo à sua porta, Roseana Sarney não perdeu tempo, e contratou Antonio Carlos de Almeida Castro, o “Kakay”, de 57 anos, conhecido como “advogado das estrelas” ou “protetor dos poderosos”.

Kakay já faz reuniões diárias com seus auxiliares, trabalhando na defesa de Roseana, conforme divulgou o jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no portal da revista Veja.

Em mais de 30 anos de profissão, Kakay exibe em seu portfólio a defesa de dois ex-presidentes da República (José Sarney – a quem já declarou “amar” – e Itamar Franco), quarenta governadores (em períodos diversos), dezenas de parlamentares e uma penca de ministros (no governo de Fernando Henrique Cardoso foram treze; no de Luiz Inácio Lula da Silva, três; no de Dilma, dois).

Kakay também já defendeu a atriz Caroline Dieckmann, num caso de vazamento de fotos íntimas da celebridade na internet.

Agora, Kakay – cujo valor dos honorários nunca fica abaixo dos seis dígitos – defende Roseana Sarney no caso do precatório da UTC/Constran.

Não será tarefa fácil. Segundo a Folha de S. Paulo, o doleiro Alberto Youssef afirmou em delação à Polícia Federal que ele próprio efetuou pagamento de propina a um integrante do alto escalão do governo Roseana Sarney no Maranhão em nome da UTC no dia de sua prisão (17 de março de 2014).

Youssef foi preso no hotel Luzeiros, na Ponta do Farol, em São Luís (MA), durante as investigações da Operação Lava Jato.

Revela a Folha:

“Segundo Youssef, a entrega do dinheiro ocorreu momentos antes da prisão. Ao perceber que seria preso – após retornar uma ligação que descobriu ser de policiais federais do Paraná –, ele diz ter levado R$ 1,4 milhão ao quarto de um emissário do então secretário da Casa Civil de Roseana Sarney. Depois disso, ‘retornou ao quarto e ficou esperando a polícia chegar’, de acordo com relato à Polícia Federal”.

O emissário de Abreu seria Marcos Ziegert, o “Marcão”, que teria apresentado Youssef a João Abreu.

Além do dinheiro, Marcão também teria levado uma caixa de vinhos como presente ao então secretário.

Em resposta enviada a jornais que publicaram o teor do depoimento de Youssef, João Abreu disse que “é mentirosa a afirmação feita por Alberto Youssef de que me teria entregue dinheiro pessoalmente ou por intermédio de ‘emissários’, pois tais fatos jamais ocorreram”.

Abreu afirmou, ainda, que “as afirmações mentirosas feitas por Alberto Youssef envolvendo meu nome constituem crime e ele por ele responderá na forma da lei”.

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, autorizou o compartilhamento do depoimento de Youssef e outras provas sobre o precatório com o atual governo do Maranhão.

O CASO – Segundo descreve a Folha de S. Paulo, o caso do precatório da UTC/Constran veio à tona no ano passado, após a contadora de Youssef, Meire Poza, ter revelado a propina em depoimento à PF.

Segundo Poza, o governo do Maranhão recebeu R$ 6 milhões para furar a fila de pagamento de precatórios e antecipar um pagamento de cerca de R$ 113 milhões para a empreiteira UTC/Constran.

“Furar fila” de precatório caracteriza, em tese, crime de responsabilidade, um dos motivos que podem levar ao impeachment de governador. Roseana Sarney já anunciou que abandonará a vida política.

Youssef estava em São Luís (MA) cuidando desse negócio quando foi preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

O doleiro afirma ter recebido R$ 4 milhões pela operação. Ainda segundo Youssef, Abreu recebeu, além dos R$ 1,4 milhão, outras duas parcelas de R$ 800 mil, por meio de emissários (Adarico Negromonte e Rafael Ângulo Lopez).

A Constran teria contratado o doleiro para receber o precatório porque não conseguia receber do governo pela pavimentação de estrada que executara nos anos 1980.

A Justiça do Maranhão suspendeu o pagamento do precatório.

O governo do Maranhão disse em nota, à época, que “não houve favorecimento no pagamento da ação de indenização proposta pela Constran, há mais de 25 anos”. “Foi realizado acordo judicial, com acompanhamento do Ministério Público, para negociação dessa ação, que trouxe uma economia de R$ 28,9 milhões aos cofres públicos”.

A Constran negou ter rompido a ordem cronológica.

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