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A elite da droga e da violência

foto-drogas-1Editorial do Jornal Pequeno

São Luís nunca foi tão violenta e nunca o tráfico de drogas se disseminou nas proporções dos dias atuais. Há notícias de bocas de fumo espalhadas por toda a cidade, inclusive em áreas nobres e insuspeitas e o crime organizado adquiriu tanto poder quanto jamais nos foi possível imaginar. A juventude se mata em via pública nos acertos entre grupos criminosos ou por conta de dívidas com o tráfico e a principal Penitenciária do Maranhão é, talvez, uma das mais violentas do mundo.

Estava, ontem, na primeira página do Jornal Pequeno: “Usuário de drogas é executado no Lira com nove tiros de pistola 380”. É a notícia mais comum no noticiário policial do Estado. É o tipo de notícia que abre a maioria dos noticiários policiais, em toda imprensa. Essa situação remete a uma discussão antiga, de saber se o usuário de drogas financia a violência do tráfico e a outra ainda mais constrangedora: Conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas “maconha e cocaína são bens de luxo para a população com maior poder aquisitivo”.

Essa conclusão leva a uma outra, defendida pelo economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa: “quem financia o tráfico é a classe média”. Mas sabemos que já não é tanto assim, que drogas baratas e assassinas como o crack expandiram o mercado e aumentaram o poder dos traficantes. Um poder que invade a polícia e até a Justiça, um poder silencioso cujos donatários, os verdadeiros chefões do tráfico, as instituições públicas, por temor ou conivência, preferem ignorar.

Os filmes ‘Tropa de Elite’ e ‘Meu nome não é Jhonny’ trataram do assunto. No primeiro, o capitão Nascimento responsabiliza universitários consumidores pela violência que ronda as favelas. O segundo trata do fornecimento de cocaína para a alta sociedade. Mas foi o delegado Orlando Zanone, no livro Acionista do Nada. Quem são os Traficantes de Drogasque disparou o tiro mais certeiro. Ele disse: “Só prendem os pés de chinelo. Pouco se avança na lavagem de dinheiro”.

O fato é que amanhã abriremos as páginas dos jornais e ligaremos a TV para ler e ver a informação de mais um jovem fuzilado e morto em algum canto de rua ou avenida porque se tornou usuário sem compreender que estava financiando ele mesmo a violência que iria por fim à sua vida. Outro será preso ou internado em instituições de saúde, outro se tornará assaltante ou mendigo. “Dizer que o consumo de drogas não financia a violência é o mesmo que dizer que quem compra uma aspirina não está financiando a Bayer”, foi a resposta de um usuário aos pesquisadores.

Mas em meio a tudo isso, todos esses corpos caídos, à insegurança da sociedade, as palavras do delegado Zanone continuarão solitárias, porque os barões da coca, da maconha e do crack, da lavagem de dinheiro permanecerão incólumes em seus palácios festejando a glória de lucrar destruindo a juventude de uma Nação.

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