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E a população?

Editorial do Jornal Pequeno

Falhou escandalosamente o projeto do governo Roseana Sarney de empastelar o crescimento eleitoral das oposições até 2014, consequência natural da eleição de Edivaldo Holanda Júnior acima das candidaturas do Palácio dos Leões e do PSDB. A governadora viu na crise sazonal da saúde pública do município uma oportunidade de furar o bloqueio nas alianças que levaram Holanda Júnior ao poder.

Como sugeriu o ex-governador José Reinaldo Tavares, a ideia de uma parceria passou bem longe do governo do Estado, substituída por uma velha estratégia de cooptação política enraizada no sarneisismo.

A ‘parceria’ que pretendeu era galopante e a cada salto implicava um comprometimento do prefeito com as políticas estaduais de saúde e educação e em outras áreas menos nobres e, por conseguinte, com o próprio governo.

Do jeito como foi proposta a ‘parceria’, estaríamos diante de uma intervenção branca (ou preta mesmo) do governo nas atribuições do município. Sem contar que a Prefeitura estaria assinando um singular atestado de incompetência ao repassar recursos federais sob sua gestão para a ‘competente’ máquina do Estado.

O secretário Ricardo Murad explicou que era intenção do governo administrar a demanda de pacientes que chega todos os dias do interior do estado aos Socorrões da capital, liberando o prefeito para fazer o melhor que pudesse pela saúde da capital. Mas a proposta do governo do Estado, além de comprometer a autonomia municipal implica em transferência de responsabilidades e não é bem isso o que se espera de uma parceria.

Quatro vezes governadora, Roseana Sarney teve mil chances de contribuir para sanar as deficiências do sistema público de saúde de São Luís e tem agora nos cofres do Estado um bilhão de oportunidades para tanto. Mas suas boas intenções dizem respeito apenas à rede estadual de saúde, às Unidades de Pronto Atendimento e modernização dos hospitais estaduais da cidade, afinal administrados com incontestável competência. Quanto à rede de saúde municipal suas intenções se revelam exclusivamente eleitorais.

Tanto isso é verdade que ao divisar uma chance de vir o Ministério da Saúde a alocar recursos para a capital, fez surgir do nada a figura vampiresca da Comissão Tripartite exigindo que o pouco que vier para São Luís seja dividido com Imperatriz e Açailândia. Sem nenhum outro objetivo que não seja dificultar o fortalecimento da parceria entre a Prefeitura Municipal e o Ministério.

O que ninguém perguntou ainda é como se sente a população diante disso tudo, pois viveu a esperança de dias melhores num dos mais sensíveis setores da administração pública. Provavelmente a população não está interessada em culpados, e sim nas soluções que nunca vieram e são aguardadas há tempos insuportáveis.

Tudo começou errado no tratamento dessa crise na saúde, desde aquele malfadado golpe de marketing da doação de alimentos. Mas parece que não tem jeito. Ninguém quer sinceramente fazer nada e os Socorrões devem continuar como estão.

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