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Dilma ‘empurra’ Lobão para cadeira de Sarney e quer gestão técnica na área de Minas e Energia

Do blog do Josias de Souza

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) procurou o pesidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Disse-lhe que Márcio Zimmermann, o técnico que ocupa a secretaria-executiva de sua pasta, deseja filiar-se ao partido.

Informada sobre a movimentação de Lobão, a caciquia do PMDB ficou tonta. Olhos arregalados, os figurões da tribo enxergaram nas costas do ministro as asas da mosca azul. Mais atrás, a sombra de Dilma Rousseff.

Sem estrondos, Dilma submete o PMDB a um jogo bruto. Deixa tontos os mandachuvas da legenda. Ela pega pesado no Senado, palco da derrota que acendeu o pavio de sua revolta tardia contra as “velhas práticas” da política.

Dilma executa dois lances: empurra Lobão para a poltrona de presidente do Senado e prepara a entrega da cadeira de ministro de Minas e Energia para Zimmermann, o segundo da pasta, personagem de sua irrestrita confiança.

A presidente visa três resultados: no comando do Senado, um político que lhe é dócil. Na chefia do ministério, um gestor do bolso do seu colete. De quebra, almeja inocular nas relações entre José Sarney e Renan Calheiros o vírus da discórdia.

A conversa de Lobão com Raupp tonteou os pajés porque eles perceberam que a perplexidade encontra amparo na realidade. Membro honorário do grupo de Sarney, o ministro não dá um passo sem combinar antes com o guia de seus movimentos.

Ficou entendido que as asas da mosca foram plantadas no dorso de Lobão por Dilma. Mas subentendeu-se que Sarney, após conversa que teve com Lula há 15 dias, autorizou o vôo. Algo que deixa Renan, por assim dizer, sem chão.

A manobra de Dilma espanta pela audácia. A troca de guarda do Senado só vai ocorrer no começo de fevereiro de 2013. A presidente desce ao pano verde com uma antecedência de dez meses.

Pelo regimento, cabe ao PMDB, dono da maior bancada, indicar o nome do substituto de Sarney. Renan vinha se equipando para obter a indicação. Em privado, Dilma sugeriu que talvez devesse se concentrar no governo de Alagoas.

Do ponto de vista político, a sugestão é tola. Retornando ao comando do Senado em 2013, Renan se ofereceria ao eleitorado alagoano mais bem posto em 2014. Sob a ótica da divisão de poderes, o conselho é impertinente.

Dilma mete sua colher de chefe do Executivo na sucessão do Poder vizinho. Ao comandante do Senado cabe presidir também o Congresso. No mais, uma presidente filiada ao PT remexe num caldeirão que, em tese, pertence ao PMDB.

Crispado, Renan olha para o Planalto de esguelha. Dilma dá de ombros. Vê no outrora todo-poderoso uma força decadente. Há sobre a mesa do PMDB do Senado 18 fichas. Na conta de Dilma, Renan não arrasta mais do que oito.

De resto, Renan tem interesses a defender. Se levar as mãos ao tacape, arrisca-se a perder, por exemplo, a cidadela da Transpetro, comandada desde Lula por seu apadrinhado sérgio Machado, um ex-senador do Ceará.

Dilma troca as luvas de pelica pelas de boxe num instante em que seus aliados cobram tratamento de veludo. Parte do generalato do PMDB acha que a presidente da República futuca uma ferida que pede pomada cicatrizante.

Alega-se que, ao comprar briga, Dilma se credencia para tomar no Legislativo novas bolas pelas costas. Ela faz ouvidos moucos. De olho na popularidade pessoal, Dilma cisca para fora. Olnando para dentro, vê pouco por aprovar no Congresso em 2012.

Concentra-se em duas propostas: a Lei Geral da Copa e o fundo de previdência complementar dos servidores federais. Avalia que, por mais que esperneiem, os congressistas que coabitam seu condomínio vão entregarão a mercadoria.

Sonegando-lhe os votos, imagina Dilma, senadores e deputados danificariam a própria imagem, fazendo subir o prestígio dela. Por isso joga bruto. Mal comparando, projeta para o PMDB um futuro de PR.

A pasta de Minas e Energia, das que sobraram para o PMDB, é a que tem mais orçamento e maiores perspectivas de negócio. Filiado ao partido de Sarney, Márcio Zimmermann, o técnico de Dilma, seria uma espécie de novo Paulo Passos.

Assim como Zimmermann, Passos, um técnico filiado ao PR, era o segundo do Ministério dos Transportes. Escalou a cadeira de ministro nas pegadas da queda do ex-titular, o senador Alfredo Nascimento, presidente do PR federal.

A diferença é que Nascimento desceu do ministério para a vala comum das suspeições. Para Lobão, Dilma ajeita uma queda para as alturas do olimpo do Senado. O êxito do movimento é incerto. Depende de combinar com os russos. Mas a diversão já está garantida.

Para completar o balão nos craques da coalizão, restaria à presidente neófita em política providenciar na Câmara um pemedebê do seu agrado para suceder o companheiro Marco Maia (PT-RS).

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