MZ Portal – Durante entrevista a um programa de rádio, em Macapá, o deputado federal Davi Alcolumbre (DEM/AP) subiu o tom contra seu antigo aliado político, o senador José Sarney (PMDB/AP), dizendo que o Amapá só teria dois senadores e que a sua candidatura pretende regularizar essa anomalia.

A explicação para essa postura mais agressiva do deputado do DEM está no fato de que o velho senador tentou, por duas vezes, implodir a sua candidatura.

Na primeira, Sarney procurou o presidente do DEM, senador Agripino Maia, pedindo que o seu partido obrigasse Davi a retirar a candidatura e apoiasse a sua campanha à reeleição. Agripino lembrou a Sarney que em 2012, para que o deputado democrata Alcolumbre concorresse à Prefeitura de Macapá, foi acordado que ele seria candidato, em 2014, ao Senado. O senador potiguar ainda disse ao maranhense que Davi estaria bem colocado nas pesquisas e que, em hipótese alguma, desistiria da disputa.

Aborrecido com a negativa do DEM, Sarney resolveu isolar o concorrente. Procurou o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que atualmente preside o PSD, que, no Estado, tem como pré-candidato ao governo o vereador Lucas Barreto, para exigir que o seu partido não coligasse com o Democratas de Davi. Kassab não disse nem que sim nem que não, mas que iria ouvir as lideranças regionais.

Decidido a manter a sua candidatura, apesar das fustigadas de Sarney, Davi resolveu endurecer o discurso para demarcar, claramente, sua posição em relação ao senador. Daí a entrevista na rádio.

O desespero de Sarney tem motivo. Davi navega pelos mesmos rios eleitorais que há anos o velho senador vem navegando, e tem, pelo menos, uma vantagem: juventude para pescar mais eleitores do que o oligarca maranhense, que anda com o anzol meio enferrujado – ultimamente, Sarney não tem conseguido centralizar nem mesmo os seus correligionários maranhenses.

Recém-saído de uma eleição a prefeito, o deputado do DEM ainda colhe os frutos da extensa exposição midiática produzida pela campanha municipal. Sem dúvida, o estrago que ele pode provocar nas pretensões do senador José Sarney é inegável. Hoje, Davi não é tão pequeno, nem Sarney, um gigante invencível. Mas, mesmo que fosse, a história mostra que tudo, um dia, chega ao seu final, às vezes pelas mãos de quem menos se espera.