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Cutucando a onça com vara curta

edinho

Se querem saber, ao atacar a Polícia Federal no horário eleitoral gratuito, o candidato Lobão Filho só o que faz é cutucar a onça com vara curta. A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal já emitiu Nota Pública se solidarizando com o delegado Paulo de Tarso e avisando que a PF não intimida, mas também não se deixa intimidar por quem quer que seja.

Não fosse Lobão Filho um homem que respondeu a processo exatamente na Justiça Federal, e pelo crime mais investigado hoje no Brasil, talvez fosse plausível tanta temeridade. Mas, como disse Cláudio Humberto, desde que Alberto Youssef foi preso em São Luís, a PF não tira os olhos do Maranhão. Fazer isso na vã tentativa de inculpar Flávio Dino é inútil, posto que, para todos os efeitos, além de servir apenas para referendar mais uma inverdade, a eleição já está perdida. Ademais, o histórico do candidato em nada o autoriza a desafiar uma polícia que não pode ser controlada pelo governo do Maranhão.

Vamos mais longe: os depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef implicam as mais altas figuras do governo do Estado, inclusive a própria governadora e o pai de Lobão Filho, o ex-ministro Edison Lobão. Irritar a Polícia Federal do país inteiro, precisamente os agentes públicos responsáveis por essas investigações, não é coragem, é mais um rasgo de arrogância e alucinação. Os agentes federais são homens concursados, formados, delegados de carreira, com rara competência para produzir provas e que às vezes só não avançam mais nesse terreno devido às limitações impostas pela própria Justiça. Lobão Filho pode, portanto, estar complicando a vida da governadora que o apóia e de seu próprio pai.

Depois da estupidez da divulgação, repetidamente, de um vídeo produzido por membros de uma facção criminosa em conluio com diretores de uma instituição penitenciária em sua TV, o que pode custar a prisão de muita gente, inclusive (e infelizmente) de alguns colegas jornalistas, andar nesse rumo é pisar em terreno minado, é tomar veneno esperando que os outros morram.

O nível de corrupção no país chegou a um nível tal que não sobrará nem piedade. Quem diria, por exemplo, que um dia o povo brasileiro festejaria a prisão do todo-poderoso José Dirceu, ou mesmo, de um ex-presidente da Câmara Federal ou, ainda, do rumoroso Roberto Jefferson?

Jamais poderemos ter compaixão com quem corrompe as instituições públicas deste país, não podemos transigir com autoridades que se deixam pagar por propinas, e se os pobres pagam impostos, os ricos têm que pagar também. Mas esse Estado anda tão humilhado, tão dilapidado moralmente que dá pena a quem o ama essa frequência quase diária no noticiário policial do país. E talvez que a única razão para esse alerta seja o desejo de tirar da boca da onça esse pobre Maranhão. (Editorial do JP)

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