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Coletes a prova de fuxicos

Nada é mais interessante em política que o poder subliminar da especulação. A arte de espalhar boatos tem rendido bons frutos a candidatos, partidos políticos, ocupantes de cargos e candidatos a cargos públicos. Conta uma anedota política que quando governador de Minas Gerais, Tancredo Neves foi surpreendido por um correligionário que o teria admoestado com a seguinte questão: ‘Governador, estão todos dizendo que serei eu o secretário de Educação; se o senhor não me nomear eu vou passar a maior vergonha’.

‘Diga que você foi convidado e não aceitou’, teria respondido, à mineira, o governador Tancredo Neves. Um caso clássico de especulação que dimensiona muito bem a utilidade dos boatos.

As últimas especulações na política maranhense dizem respeito a uma distante candidatura de Roseana Sarney à Prefeitura de São Luís; outras falam de uma terceira via que uniria a deputada Eliziane Gama e o hoje prefeito João Castelo na disputa pelo governo do Estado em 2014, de modo a fragilizar a hegemonia eleitoral do presidente da Embratur, Flávio Dino. O problema com as especulações é que, assim como quase sempre, elas têm um fundo de verdade. Tem sempre alguém com uma verdade guardada para desmenti-las.

As especulações menos futuristas dizem respeito à disputa de espaço entre grupos políticos na Prefeitura de São Luís. O PCdoB, de Flávio Dino; o PSB de Roberto Rocha e o PTC de Edivaldo Holanda (pai) estariam disputando a hegemonia em torno dos cargos, deixando algumas sobras para o desencantado PDT. ‘Flávio Dino e Edivaldo Holanda nem se falam mais’, apregoam os especuladores, geralmente pessoas interessadas em que nada dê certo para a futura administração.

Uma outra curiosidade sobre as especulações é que nunca se sabe quem está no comando delas. Podem ter origem externa; ou seja, entre os adversários. Podem ter origem interna; ou seja, entre os desleais e descontentes; e podem até não ter origem nenhuma. Quando se trata da formação da equipe de um candidato eleito recentemente, as especulações giram não só em torno de nomes, mas também de atribuições. Surgem destinatários de cargos que nunca nem sequer foram pensados, surgem supersecretários e eminências pardas e vermelhas, e há nomes que são especulados apenas para queimar em fogo lento.

Na imprensa, a especulação rende inclusive lucros. ‘Queimar’ um provável secretário mostrando atos de sua vida pregressa é uma missão a que muitos poucos se arriscam gratuitamente, até porque pode trazer problemas no futuro; ‘queimar’, obedecendo à orientação passada por um chefe político ao diretor de redação ou chefe de reportagem de um jornal, já faz parte da cultura política do país.

Assim, a especulação política, com esse terrível poder de incendiar currículos e deformar históricos na vida pública, é quase sempre uma arma letal contra ‘confirmados’ e ‘não confirmados’ e é bom que retirem todos eles os coletes a prova de fuxicos do guarda-roupa para não serem metralhados. (Informe JP)

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