Um barulho ensurdecedor, corre-corre no Palácio dos Leões, telescópios na direção do céu, em todas as direções, todo mundo tentando entender o que estava acontecendo, documentos passando de mão em mão, profecias, promessas de vingança, arrependimento, a pressa de pedir perdão a Deus, conversões surpreendentes ao cristianismo… Alguns acharam até que estava chovendo meteoros também em São Luís.

Os olhos na direção do céu e as pessoas perguntando: É um pássaro? É um avião? E outras respondendo: ‘Não, é uma chuva de meteoros’. ‘Não, é o PT do vice-governador Washington Oliveira apoiando Edivaldo Holanda Júnior’. À procura de para-raios alguém decidiu que já era hora de chamar o Lula mais uma vez, de conversar com a presidente Dilma Rousseff, de fazer um PED e pedir a revisão dessa decisão explosiva. ‘Agora o Dutra sai da Rede e volta pra cama, que é lugar quente’, acreditaram os céticos. ‘O Bira do Pindaré não vai mais tomar PSOL na Rede’, comemoraram os reticentes.

E, assim, a história política recente do Maranhão sofre uma reviravolta surpreendente. Com essa decisão, o Partido dos Trabalhadores ameaça romper a aliança com o PMDB de Roseana Sarney. Estrelas cadentes, imensas bolas de fogo, inclusive a estrela do PT, estão desabando sobre o Palácio dos Leões. A primeira delas foi a vitória da oposição na disputa pela Prefeitura, depois a Via Alternativa, de tão pouca luminosidade que não dá para dizer de onde vem nem para onde vai; em seguida, a ameaça dos lobos, e aí veio a Rede, e, além da Rede, esse cometa devastador, que é a volta do PT ao projeto da candidatura Flávio Dino.

Mas que ninguém se iluda. De lá de dentro dos abrigos antiaéreos, reunida com todos os chefes civis e militares, a governadora Roseana Sarney amaldiçoa: ‘A minha vingança será maligna’. Confortavelmente instalado no gabinete da vice-governadoria, Washington Oliveira suspira: ‘Agora é Lula lá e eu aqui’.

(JM Cunha Santos)