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Campos de gás do Maranhão serão vendidos para recuperar empresa de Eike Batista

A QUEDA DO IMPÉRIO ‘X’

A recuperação judicial da OGX, de Eike, depende da venda dos 66,7% que o megamilionário possui nos blocos de extração de gás instalados em Capinzal do Norte (região maranhense dos Cocais); venda deve render perto de US$ 120 milhões à OGX

RENATA AGOSTINI
DA FOLHA DE S. PAULO E REDAÇÃO DO JP

A OGX, petroleira de Eike Batista, negocia a venda de sua participação em campos de gás no Maranhão como forma de levantar dinheiro para a recuperação judicial. Trata-se da fatia que a companhia tem na OGX Maranhão, que controla oito blocos na bacia do Parnaíba – os mais importantes localizados no município de Capinzal do Norte (a 260 quilômetros de São Luís, na região dos Cocais).

A Folha de S. Paulo apurou que os 66,7% que a OGX possui no empreendimento devem render entre US$ 100 milhões e US$ 120 milhões à petroleira. As conversas seguem com a Eneva, antiga MPX, sócia do empreendimento.

Há pressa nas tratativas, que precisam ser concluídas antes da recuperação judicial da OGX. Caso contrário, qualquer negociação terá de esperar o plano de reestruturação da petroleira.

A transação é estratégica para a OGX. É o dinheiro dessa operação que está sendo oferecido como garantia aos potenciais investidores financeiros da empresa.

Se o negócio for concluído, o pagamento chegará aos cofres da petroleira em dezembro, quando a recuperação judicial já estará em curso. Por isso, a OGX continua negociando paralelamente o “DIP financing”, crédito dado a empresas prestes a entrar em recuperação judicial.

As instituições que dão esse crédito cobram caro e têm preferência no pagamento durante o processo. Como a situação da OGX é delicada, tornou-se necessário mostrar a eles que o risco de haver um calote não é relevante.

Na estratégia montada pela petroleira, num caso extremo em que ela venha a quebrar, a instituição financiadora ficará com o dinheiro da venda da OGX Maranhão.

Levantar o dinheiro ajuda também a empresa a convencer o juiz de que há maneiras de salvá-la, para que ele aceite o pedido de recuperação e não decrete a falência.

Nas contas do comando da companhia, que está hoje quase sem recursos em caixa, US$ 200 milhões seria um montante confortável, apesar de a recuperação judicial ser possível com valor inferior.

No desenho hoje considerado mais provável pelos principais assessores de Eike, a OGX levantaria cerca de US$ 120 milhões com esse novo investidor financeiro e cerca de US$ 80 milhões com os credores estrangeiros da empresa, os “bondholders”.

Inicialmente, a empresa chegou a pedir aos credores que aportassem pelo menos US$ 250 milhões. Na ocasião, os executivos da OGX ainda consideravam possível escapar da recuperação judicial.

A negociação com representantes dos credores segue esta semana no Rio. A expectativa é que eles decidam se aceitarão a proposta. Procuradas, a MPX e a OGX não quiseram comentar.

Analistas especializados no setor de energia avaliam que, mesmo com a venda da parte de Ike Batista na OGX Maranhão, não tem como a implosão do império “X”, do megamilionário, deixar de afetar – a curto ou a médio prazo – os investimentos dele em blocos de gás no Maranhão e no Piauí.

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