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Bodes expiatórios

Instala-se no Maranhão um debate político suplementar às complicadas situações do senador Edison Lobão e da ex-governadora Roseana Sarney junto à Justiça Federal desde que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluiu os dois entre os cerca de 60 políticos que teriam recebido propinas do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato, na Petrobras.

Sempre na ideia de que as cadeias só rebentam do lado mais fraco, essa discussão aponta nomes dos que serão realmente punidos no Maranhão, no caso de serem aceitas as acusações feitas em delação premiada por Rafael Ângulo, Paulo Roberto Costa e o já lendário Alberto Youssef. Quanto a Lobão, dizem que, no fim, pagará a conta em punições o advogado Márcio Coutinho; quanto a Roseana Sarney, muitos entendem que vai ‘sobrar’ para o dono do Shopping Jaracati, João Abreu. Seriam eles, os bodes expiatórios sobre quem as defesas dos dois políticos jogariam toda a culpa, para livrar seus clientes de uma condenação.

O bode expiatório era um animal que fazia parte das cerimônias hebraicas do Yon Kipur, o Dia da Exposição. O ritual é explicado na Bíblia no livro de Levíticos. Dois animais eram levados ao sacrifício, um era queimado em holocausto e o segundo tornava-se o bode expiatório sobre o qual o sacerdote impunha as mãos sobre a cabeça e confessava todos os pecados do povo de Israel. Em seguida, ele seria abandonado à natureza selvagem carregando todos os pecados de todas as tribos.

Pobre João Abreu! Pobre Márcio Coutinho! São tantos pecados para carregar, se de fato se concretizarem esses comentários que vicejam nos meios políticos, que é bem provável que eles preferissem o holocausto.

E é de se pensar que as acusações sobre os dois políticos só se amontoam, a cada depoimento em delação premiada na Polícia Federal e na própria CPI da Petrobrás. No caso de Roseana, em princípio era tão-somente a acusação de que ela e membros outros de seu governo teriam sido premiados com uma fantástica propina de R$ 6 milhões para adiantar o pagamento de um precatório da UTC Constran. Depois, seu nome surgiu entre os que teriam recebido dinheiro da mesma empresa para a campanha de 2010, favor que lhe teria sido prestado pelo então ministro das Minas e Energias, Edison Lobão.

Lobão apareceu em seguida em denúncias relativas a um rombo bilionário no Fundo Postalis, e, mais em seguida ainda, nas aventuras financeiras de uma empresa localizada no paraíso fiscal Ilhas Cayman. Empresa que atende pelo sugestivo nome de ‘Montanha de Diamante’.

O fato é que a vida pregressa dos dois políticos maranhenses está dando o maior bode e que são cada vez mais constantes as suspeitas de que João Abreu e Márcio Coutinho foram escolhidos como bodes expiatórios de toda essa confusão. (Editorial do JP)

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